Vinícius Schmidt/Metrópoles
Pagamentos para o Congresso vieram em duas modalidades: emendas parlamentares e “restos” do orçamento secreto de Jair Bolsonaro
Pressionado pela votação do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados e pela proximidade da apreciação da MP da Esplanada, o governo federal pagou por volta de R$ 1 bilhão a deputados e senadores em menos de duas semanas.
Os pagamentos foram feitos de duas formas. Primeiro, nos restos a pagar do RP9, o orçamento secreto do governo Jair Bolsonaro. O valor desembolsado este ano saltou de R$ 666 milhões em 11 de maio para R$ 949 milhões em 24 de maio, ou seja, R$ 283 milhões a mais.
Em segundo lugar, em emendas parlamentares para as bases eleitorais de senadores e deputados, o valor pago aumentou de R$ 3,9 bilhões, na mesma data, para R$ 4,63 bilhões, um acréscimo de R$ 730 milhões.
Ao todo, o saldo quitado pelo Executivo nos últimos 13 dias para agradar congressistas é de cerca de R$ 1 bilhão.
Os valores são fatias muito pequenas dos totais a pagar em cada uma dessas modalidades, mas mostram que o governo está se movimentando para agradar o Congresso e ganhar poder de barganha nas votações.
Como mostrou a coluna, porém, há uma conta que ainda está zerada: o da verba de investimento dos ministérios, o RP9 que foi “convertido” em RP2, saindo do controle do Congresso para as mãos dos ministros de Lula.
Há R$ 9,6 bilhões disponíveis nessas ações orçamentárias em 2023, mas o governo ainda não encontrou uma solução jurídica e técnica para fazer os pagamentos, mesmo pressionado pelo Legislativo.
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