Foto: Marcos Corrêa/PR.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse neste domingo (7) que o ex-ministro Anderson Torres “chora muito” na prisão, sente “saudade” da família e tem se fortalecido com “orações e vigílias” em seu favor.
“Ele é uma pessoa muito ligada à família, e está tendo consciência de que realmente essa situação já passou todos os limites. Ele tem muita fé em Deus”, disse o congressista. A fala foi feita em frente ao batalhão da Polícia Militar, onde Torres está preso desde janeiro.
Anderson Torres está preso desde 14 de janeiro no 4º Batalhão da Polícia Militar no Guará, região administrativa do Distrito Federal, por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro. Na época, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado é relator na Corte das investigações sobre os ataques.
Além de Girão, o ex-ministro recebeu na manhã deste domingo (7) a visita dos senadores Jaime Bagattoli (PL-RO) e Izalci Lucas (PSDB-DF). Sua esposa, Flávia Sampaio Torres, também foi visitá-lo.
Girão chamou de “tortura” a situação de Torres. Ele criticou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso. “Isso acaba gerando uma situação de insegurança jurídica maior que o Supremo já fez com outras decisões. Você tem corruptos soltos, tem traficantes soltos a torto e a direito, e um cidadão que está aberto a se expressar, preso a 100 dias sem condição de ver as filhas”.
Para o senador, a situação “já ultrapassou todos os limites”.
“O que a gente vê é uma pessoa com depressão, aqui a mais de 100 dias, sem a necessidade porque não oferece risco à sociedade nem à investigação”.
Izalci Lucas disse que Torres está “tranquilo”, numa situação de “dever cumprido” de quem “fez o que tinha que fazer” e que “não tem o que esconder”. O senador também criticou a duração da prisão do ex-ministro e a chamou de “tortura”.
“[Há] esse sentimento de que está sendo injustiçado, ele quer colaborar, é só ter a possibilidade de falar isso. Tem que ver o processo. Quais as provas contra ele?. É uma tortura muito grande”.
O congressista disse que Torres está “louco para retomar a sua vida normal”.
“Hoje o maior problema dele é falta de ver as crianças. Imagina, quem é pai e quem é mãe, ver um filho, uma criança, a quatro meses sem falar com ela. É triste”, declarou.
A visita dos senadores neste domingo foi a segunda leva de congressistas autorizados a encontrar o ex-ministro na prisão.
No sábado, foram visitar Torres o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), e os senadores Eduardo Gomes (PL-TO), Magno Malta (PL-ES), Márcio Bittar (União-AC) e Jorge Seif (PL-SC). Na ocasião, Seif disse que o ex-ministro está magro, barbudo e abatido. “O cara está na lama, detonado”, afirmou.
A visita dos senadores ocorreu depois de aprovação do ministro Alexandre de Moraes. A autorização refere-se apenas a 38 senadores e não pode ser estendida a terceiros.
As visitas devem ocorrer em grupos de até cinco senadores, aos sábados e domingos, desde que previamente agendadas com o comando do batalhão. Moraes autorizou a visita dos seguintes senadores:
Rogério Marinho, Styvenson Valentim, Oriovisto Guimarães, Tereza Cristina, Luiz Carlos Heinze, Zequinha Marinho, Izalci Lucas, Rodrigo Cunha, Jaime Bagattoli, Carlos Viana, Cleitinho, Laércio Oliveira, Ciro Nogueira, Esperidião Amin, Eduardo Gomes, Carlos Portinho, Plínio Valério, Chico Rodrigues, Jayme Campos, Magno Malta, Damares Alves, Hamilton Mourão, Efraim Filho, Eduardo Girão, Alan Rick, Professora Dorinha Seabra, Wellington Fagundes, Astronauta Marcos Pontes, Jorge Seif, Mecias De Jesus, Hiran Gonçalve, Vanderlan Cardoso, Lucas Barreto, Wilder Morais, Márcio Bittar, Sérgio Moro, Dr. Samuel Araújo e Irajá.
Moraes vetou a visita dos senadores Marcos do Val e Flávio Bolsonaro, “tendo em vista a conexão dos fatos apurados no presente Inquérito com investigações das quais ambos fazem parte”.
Na segunda-feira (8), Torres tem marcado um novo depoimento à Polícia Federal, no inquérito que apura operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o segundo turno das eleições de 2022. Ele falará na condição de declarante, porque não é formalmente investigado pelo caso.
A defesa de Torres tenta revogar a prisão preventiva. Argumenta, principalmente, que ele não oferece risco para as investigações e que seu estado de saúde mental tem se deteriorado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou a favor da revogação, e pela monitoração por tornozeleira eletrônica.
Créditos: CNN Brasil.