Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, que investigará os atos de vandalismo ocorridos em Brasília, dará início aos trabalhos nesta quinta-feira (25) e deve provocar tensão adicional entre governo e oposição, especialmente aquela ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A sessão está marcada para começar às 9 horas e será comandada pelo senador Otto Alencar (PSB-BA), parlamentar mais idoso que faz parte do colegiado.
Os estrategistas políticos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm como prioridade acelerar os trabalhos na CPMI, focando principalmente nos financiadores dos manifestantes em Brasília, aproveitando o material já levantado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Polícia Federal (PF). Além disso, há a orientação de se evitar a convocação de militares, para impedir novos conflitos entre esse grupo e o governo.
Há ainda o temor de que as investigações revelem fatos constrangedores adicionais para o governo, como os vídeos vazados do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Gonçalves Dias, agindo de maneira amigável ao lado dos invasores do Palácio do Planalto. Foi a divulgação dessas imagens, que o governo mantinha em sigilo, que tornou a comissão inevitável.
Composição do colegiado mostra indefinições e surpresas
Após terem feito tudo para impedir a criação da CPMI, movido pelo receio de agravar a instabilidade política, o governo, representado no colegiado por 15 dos 32 titulares, se prepara para confrontar os nove membros da oposição e outros oito independentes. Desde a semana passada havia número mínimo suficiente (17) para convocar a primeira sessão, o que só ocorrerá agora, com a oposição ainda questionando vagas conforme a regra da proporcionalidade dos partidos.
Os governistas na CPMI são os senadores Ana Paula Lobato (PSB-MA), Cid Gomes (PST-CE), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Eliziane Gama (PSD-MA), Fabiano Contarato (PT-ES), Otto Alencar (PSD-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e Marcelo Castro (MDB-PI). Completam o grupo os deputados Arthur Maia (União-BA), Duarte (PSB-MA), Duda Salabert (PDT-MA), Erika Hilton (Psol-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Paulo Magalhães (PSD-BA), Rafael Brito (MDB-AL), Rogério Correia (PT-MG) e Rubens Pereira Júnior (PT-MA).
Já os oposicionistas são os senadores Damares Alves (Republicanos-DF), Eduardo Girão (Novo-CE), Esperidião Amin (PP-SC), Magno Malta (PL-ES) e Marcos do Val (Podemos-ES), mais os deputados André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento para a CPMI, Carlos Sampaio (PSDB-SP), Delegado Ramagem (PL-RJ) e Felipe Barros (PL-PR).
Além desses, há os independentes: senadora Soraya Thronicke (União-MS) e os deputados Aluisio Mendes (Republicanos-MA) e Rodrigo Gambale (Podemos-SP).
Os filhos do ex-presidente Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), contrariaram as expectativas e figuram apenas como suplentes.
Os nomes que faltam para completar são dois senadores pertencentes aos MDB e um deputado do União Brasil, os quais ainda não foram indicados.
O senador governista Omar Aziz (PSD-MA) também havia pedido para sair semana passada e deve abrir nova vaga. Com essa desistência, não houve a reprise esperada de nomes de destaque na CPI da Covid, de 2021, incluindo os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).