Foto: Sonora Desert Museum/Wikimedia Commons.
A compra de animais de estimação, embora bastante criticada por ativistas e entidades, é relativamente disseminada entre as pessoas. No entanto, existe um nicho de mercado voltado para o comércio de animais selvagens que vem crescendo e se disseminando para além da internet aberta. Inesperadamente, a compra e venda de animais exóticos na chamada Dark Web não é voltada para pets, mas para animais com propriedades alucinógenas.
Além do comércio em expansão na Web aberta, uma pesquisa identificou que centenas de espécies de animais e plantas selvagens vêm sendo livremente comercializados na Dark Web, servidores de rede disponíveis na internet, acessíveis somente através de ferramentas, configurações ou autorizações específicas que dão um elevado nível de anonimato tanto a quem publica os conteúdos como a quem os consulta. A maioria das espécies comercializadas atraem consumidores devido aos seus compostos psicoativos.
Cerca de 90% do comércio de vida silvestre que ocorre na zona cinzenta da internet consiste em plantas e fungos com potencial uso como drogas. Os pesquisadores notaram, no entanto, que certos animais vinham sendo comercializados com o mesmo fim. Um exemplo é o sapo do Deserto de Sonora, produtor do ativo psicodélico 5-MeO-DMT. O anfíbio causa efeito semelhante ao de algumas drogas alucinógenas ao ser lambido.
Os pesquisados da Universidade de Adelaide, na Austrália, monitoraram mais de 2 milhões de anúncios da Deep Web entre os anos de 2014 e 2020 e descobriram que há cerca de 153 espécies de animais sendo comercializados nesse ambiente. Entre essas, aproximadamente 70 contém ativos psicodislépticos. As outras espécies são usadas em medicamentos tradicionais e na produção de roupas e acessórios. Um número menor é vendido como pet de luxo.
Os crimes ambientais são muitas vezes vistos como crimes menores, sem vítimas. Mas, a verdade é que eles podem ser muito prejudiciais para a saúde pública e para a preservação da biodiversidade do planeta. A comercialização de animais selvagens pode ser diretamente relacionada a propagação de novas doenças e a caça predatória de muitas espécies.
Apesar de existirem leis que proíbam esse tipo de transação, o tráfico de animais silvestres é um dos principais crimes transnacionais atualmente. Em muitos países esse tipo de movimentação permanece amplamente não rastreada, e o status de conservação de muitas espécies segue indeterminado. Estimativas apontam que a diversidade do comércio não regulamentado supera em mais de três vezes o comércio legal, sendo um mercado lucrativo e vantajoso para traficantes.
Créditos: VEJA.