Foto: Cristiano Mariz/O Globo.
Depois de uma semana em que enfrentou reveses que afetaram o funcionamento dos ministérios da área ambiental e desafiaram a maioria governista na CPI do 8 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu a seus aliados que vai conversar mais com as bancadas de sua base no Congresso e receber deputados e senadores com mais frequência.
Numa reunião de que participaram os ministros da Casa Civil, Rui Costa, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM), Lula ouviu que precisa se envolver pessoalmente na articulação política, diante da avaliação de que o governo está desarticulado e à mercê da influência de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara dos Deputados, inclusive sobre deputados do PT.
Uma das queixas mais repetidas em Brasília, porém, ninguém teve coragem de fazer diretamente ao presidente. Segundo auxiliares do próprio Lula, inclusive os que trabalham bem perto dele no Palácio, um dos entraves para que ele tenha um contato mais próximo com a classe política é o fato de que a primeira-dama, Janja, bloqueia a agenda nos horários de almoço porque é hora de descanso.
Também prefere não ter parlamentares viajando com o casal no avião presidencial e, até agora, não aceitou abrir o Alvorada para caravanas de políticos que faziam parte da rotina do palácio no primeiro e no segundo mandato do petista.
“Em outros tempos, esses horários mais livres iam para as conversas políticas. Lula sempre soube fazer isso melhor do que ninguém. Mas agora a gente não consegue, porque ele está viajando muito e quando está em Brasília a Janja toma conta”, reclama um auxiliar palaciano.
Aliados de Janja em Brasília afirmam que ela não ignora as críticas, mas devolvem as alfinetadas dizendo que a primeira-dama não tem todo esse poder, e se ela almoça com o presidente é porque ele chama.
Segundo esses interlocutores, a versão de que Janja trava a agenda de Lula é “narrativa de gente quem prefere colocar na mulher a culpa pela própria incompetência na articulação política do governo”.
De fato, Lula é um político experiente e capaz de fazer escolhas. Se está isolado, tem responsabilidade nisso. Seja como for, a conversa no Alvorada surtiu efeito.
Ao final do encontro, Lula prometeu fazer uma série de reuniões com as bancadas dos partidos na Câmara e no Senado e conversar com o máximo de parlamentares possível antes da próxima grande viagem internacional – que deverá ser em agosto, para a Cúpula dos Brics, na África do Sul.
Prometeu, ainda, abrir a agenda dos almoços para parlamentares e lideranças de entidades setoriais e movimentos sociais.
E até um churrasco no Alvorada o presidente fez nesta sexta-feira, para um grupo seleto de ministros e parlamentares.
É um começo, mas será preciso azeitar a articulação política e as conversas no Congresso. Porque se para cada derrota o governo tiver que fazer um churrasco, vai faltar picanha.
Créditos: O Globo.