Foto: Ricardo Stuckert/PR – 20.04.23
Parlamentares de oposição e ligados ao PSDB procuraram o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), para fazer uma sondagem em favor de um suposto processo de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Falando nas entrelinhas, os ex-colegas de partido deram a entender que poderiam propor a abertura de um processo para afastar o mandatário se o vice topasse assumir o país.
Segundo a coluna apurou, Geraldo sequer deixou que a conversa evoluísse. “O presidente é o Lula”, teria afirmado ele aos dois deputados que o procuraram e não quis permanecer conversando. Uma pessoa de dentro do PSDB confirmou o diálogo, mas negou que haja interesse da sigla em afastar Lula da presidência. “Foi uma conversa informal em que os deputados brincavam com a nova notícia e que Lula poderia acabar impichado”, afirmou.
Eles se referiam ao fato de que o ex-ministro Gonçalves Dias , do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), foi flagrado por câmeras de segurança dentro do Planalto no dia 8 de janeiro , momentos após a invasão golpista. O fato acabou por derrubá-lo do governo e levou Lula a cogitar acabar com o Gabinete, além de declarar guerra contra os militares, conforme antecipou a coluna .
A oposição distante do bolsonarismo enxergou aí um primeiro sinal de fragilidade do presidente. Sem pensar duas vezes e por manter boas relações com Alckmin, deputados foram encarregados de sondar o vice-presidente para saber se em algum momento ele embarcaria num apoio a um possível processo de impeachment contra Lula. A expectativa era de que, se Geraldo desse um sinal verde, rapidamente a classe política e empresarial abraçaria a ideia.
“O PSDB não reconhece, mas existia um clima de fazer com o Lula o que foi feito com a Dilma”, diz um senador de oposição. O parlamentar se refere ao fato de que Dilma Rousseff (PT) enfrentou um processo de impeachment e acabou afastada do cargo graças ao apoio que seu vice, Michel Temer (MDB) deu nos bastidores para a articulação dos congressistas.
O resultado foi frutrante, segundo fontes ouvidas pela coluna. “O Alckmin não é mais tucano e virou lulista”, foi assim que um dos deputados que participaram da reunião definiu num grupo de mensagens com outros nomes graúdos do partido. “Desse mato não sai coelho. Ele vai ser fiel ao Lula até o fim”, concordou o outro.
A coluna apurou também que após o episódio, Alckmin se reuniu com Lula e contou a história porque não queria vazamento ou ruído. “Eu confio em você”, teria respondido Lula, segundo disse um ministro que participou da conversa. Sem o apoio do vice-presidente, a oposição menos cirandeira entende que não há clima para convencer a classe política a embarcar em um novo impeachment. “O assunto morre aqui”, decretou um influente líder do PSDB.
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