A Polícia Rodoviária Federal (PRF) flagrou 14.389 motoristas dirigindo sob efeito de álcool nas rodovias federais brasileiras em 2022. Isso significa que os policiais fizeram uma autuação a cada 37 minutos, em média. Segundo dados divulgados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) a pedido da Associação Mineira de Medicina de Tráfego (Ammetra), 41.834 motoristas se recusaram a fazer o teste do bafômetro, o que totaliza 56.223 motoristas que, solicitados, foram flagrados sob efeito de álcool ou não comprovaram a sobriedade.
No Rio Grande do Norte, o número de reincidências têm preocupado os policiais do Comando de Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE), da Secção Lei Seca. No início do mês de março, por exemplo, um motorista foi autuado em Natal, pela terceira vez em cinco meses por dirigir embriagado. O homem foi parado em uma blitz em Cidade da Esperança, na Zona Oeste da capital. Para se ter uma ideia, o veículo do motorista também ficou retido por apresentar um débito que chegava a R$ 9.890.
Vale lembrar que, para quem não bebeu antes, não faz o menor sentido recusar o teste, já que que a recusa, por si só, constitui infração gravíssima, com suspensão da habilitação por um ano e multa de R$ 2.934,70. Felizmente a legislação evoluiu e tanto a recusa quanto provas testemunhais são suficientes para a aplicação da multa”, comenta Alysson Coimbra, diretor científico da Ammetra.
Considerando esse cenário, a cada hora, mais de 6 motoristas foram autuados por desrespeitar a Lei Seca nas rodovias brasileiras. “É um índice alarmante, principalmente porque a combinação perigosa e criminosa entre álcool e direção está entre as principais causas de sinistros de trânsito no Brasil. A nomenclatura correta é sinistro porque, diferentemente dos acidentes, eles podem ser evitados”, alerta Coimbra.
Bafômetro usado pela PRF nas blitze de trânsito
Conforme dados da Secretaria Nacional de Trânsito divulgados na imprensa, nos últimos dois anos, a mistura de álcool e direção matou mais de 2,4 mil pessoas no Brasil. No ano passado, motoristas com suspeita de embriaguez provocaram mais de 325 mil sinistros de trânsito no país, uma alta de 50% em relação a 2021.
Tolerância zero
O médico especialista em Medicina do Tráfego explica que não há consumo de álcool seguro para dirigir. “O álcool altera nosso reflexo, faz com que o motorista adote comportamentos infracionais, como excesso de velocidade, avanço de semáforo, ultrapassagens em locais proibidos e manobras arriscadas”, enumera.
Além disso, explica Coimbra, o motorista perde a capacidade de julgar suas ações. “Ele acredita que está dirigindo em segurança, com mais confiança, mas na verdade não consegue manter o veículo na via, não reage a tempo diante de um obstáculo na pista e não consegue, por exemplo, fazer uma frenagem súbita diante de um pedestre”, afirma.