A mobilização dos produtores contra o Abril Vermelho foi revelada pelo MST em março. Eles acusam ainda o governo baiano de contemporizar com o grupo
Produtores rurais que se organizaram para combater a onda de invasões prometidas pelo MST no chamado Abril Vermelho acusam o governo da Bahia de apoiar o grupo em movimentações que ocorrem pelo estado, comandado pelo PT.
O primeiro caso, uma invasão, ocorreu, segundo o movimento de produtores chamado Invasão Zero, no último sábado, no município de Canavieiras.
O grupo de produtores organizou a retirada dos sem-terra e foram orientados pela Polícia Militar a ir à Justiça pedir reintegração de posse.
Nesta terça-feira (4), em outro local, no município de Itabela, os produtores rurais relatam que houve uma tentativa de reintegração de posse de uma propriedade rural invadida pelo MST em fevereiro que, ainda segundo eles, não foi cumprida porque os policiais disseram que não havia contigente suficiente para cumpri-la.
“No sábado fomos até Canavieiras e a turma de produtores que retirou os sem-terra do local — depois da polícia informar que era preciso pedir reintegração.
“Hoje, em Itabela, havia uma decisão judicial pra reintegração, mas fomos informados que não havia número suficiente de policiais para cumprir”, disse à CNN Luis Uaiquim, que coordena o grupo Invasão Zero.
A mobilização dos produtores contra o Abril Vermelho foi revelada pelo MST em março. Eles acusam ainda o governo baiano de contemporizar com o MST.
Dizem ainda haver uma cultura no governo de não coibir as movimentações do MST. Citam dois exemplos que deixaria clara essa linha.
Em um dos casos, citam uma fala proferida nesta semana pelo secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas, em que ele reconhece o modelo de “diálogo” com os invasores e que a luta pela terra é um “direito legítimo”.
“Alguns anos atrás, no final do primeiro governo (Jacques) Wagner, esse método de garantir diálogo no processo de cumprimento de reintegração de posse foi reconhecido como medida exitosa porque o cumprimento tem que ser feito, mas a forma do cumprimento tem que ser dialogada com as comunidades para evitar prejuízos irreparáveis, perda de vidas humanas, lesão a integridade física”, disse Freitas.
O secretário do governo Jerônimo Rodrigues também sugeriu que o movimento dos produtores é uma “milícia privada”
“A luta pela terra é um direito legítimo dos trabalhadores, como é direito dos proprietários defenderem suas propriedades; mas isso tem que se estabelecer por meio do estado.”
“São as polícias que têm que garantir o cumprimento da lei. Qualquer formação de milícia privada, grupo privado para defesa interesses não faz parte do jogo democrático e não será tolerado pelo governo”, disse.
A CNN entrou em contato com Freitas pela assessoria de imprensa dele e aguarda retorno.
Em outro vídeo, o vice-governador do estado, Geraldo Júnior, diz que o que o MST faz ocupação e não invasão.
“Pude ter a oportunidade de saber que o movimento do MST não é uma invasão, é uma ocupação para que pessoas e famílias jovens, para que a juventude e a terceira idade tenham a oportunidade para sua subsistência e se manter no campo”, afirmou.
A assessoria do governo da Bahia informou que o evento na qual ele se manifestou ocorreu no dia 16 de março.
Procurado, o governo da Bahia não se manifestou. O MST informou que divulgaria uma nota sobre os episódios na Bahia.
CNN Brasil