Foto: EFE/EPA/OLEG PETRASYUK
Maioria das vítimas estava em prédio residencial
A Rússia disparou mais de 20 mísseis de cruzeiro e dois drones contra a Ucrânia na madrugada desta sexta-feira (28), matando pelo menos 17 pessoas. Os ataques ocorreram em Kiev, Dnipro, Kramatorsk, Uman e outras cidades. Segundo o governo ucraniano, a Força Aérea conseguiu interceptar outros 11 mísseis. O presidente Volodymyr Zelensky prometeu uma resposta ao “terror russo.”
O bombardeio mais grave ocorreu em Uman, uma cidade localizada a cerca de 215 km ao sul de Kiev. Dez pessoas morreram nesse ataque, segundo o ministro ucraniano dos Assuntos Internos, Ihor Klimenko. A polícia nacional ucraniana informou que 17 pessoas ficaram feridas e três crianças foram resgatadas dos escombros.
O bombardeio não se situou nem perto das extensas linhas da frente da guerra, nem das zonas de combate ativas no leste da Ucrânia, onde se instalou uma guerra de desgaste. Moscou tem lançado frequentemente ataques com mísseis de longo alcance durante os 14 meses de guerra, muitas vezes atingindo zonas civis.
Autoridades e analistas ucranianos alegam que os ataques fazem parte de uma estratégia de intimidação deliberada do Kremlin. A Rússia nega que os seus objetivos militares visem alvos civis.
Os sobreviventes dos ataques de Uman contaram momentos aterradores quando os mísseis atingiram o local quando ainda estava escuro.
– Todos os vidros voaram, tudo voou, até o candelabro caiu. Estava tudo coberto de vidro – disse Olha Turina, residente no local, à Associated Press.
– Depois houve uma explosão. Mal encontramos as nossas coisas e saímos correndo completou.
Turina, cujo marido está combatendo na linha da frente, disse que um dos colegas de turma do seu filho estava desaparecido.
– Não sei onde eles estão, não sei se estão vivos. Não sei porque é que temos de passar por tudo isto. Nunca incomodamos ninguém – lamentou.
Uma das dez pessoas mortas no ataque em Uman era uma idosa de 75 anos que estava no seu apartamento num edifício vizinho e sofreu hemorragias internas devido à onda de choque da explosão, segundo o pessoal de emergência no local.
Três sacos para cadáveres jaziam ao lado do edifício, enquanto a fumaça continuava a se espalhar horas depois do ataque. Soldados, civis e equipas de emergência procuravam mais vítimas entre os escombros, enquanto os residentes arrastavam os seus pertences para fora do edifício danificado.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os ataques aproximam a Rússia do “fracasso e do castigo” e prometeu uma resposta ao “terror russo”.
– Cada ataque deste tipo, cada ato maléfico contra o nosso país e o nosso povo aproxima o Estado terrorista do fracasso e do castigo – disse Zelensky no Telegram.
AJUDA DA OTAN
Os ataques ocorreram no momento em que a Otan anunciou que os seus aliados e países parceiros entregaram mais de 98% dos veículos de combate prometidos à Ucrânia durante a invasão e a guerra da Rússia, reforçando as capacidades de Kiev, que tenciona lançar uma contraofensiva.
Juntamente com mais de 1.550 veículos blindados, 230 tanques e outros equipamentos, os aliados da Ucrânia enviaram “grandes quantidades de munições” e treinaram e equiparam mais de nove novas brigadas ucranianas, disse o Secretário-Geral da Otan, Jens Stoltenberg.
Alguns países parceiros da Otan, como a Suécia e a Austrália, também forneceram veículos blindados.
*AE