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“Vamos conhecer o ovo da noite”, anuncia ao microfone a apresentadora de um concurso para a escolha do maior testículo de Salvador.
Eram 20h30 de sábado (15) quando o UOL chegou ao Clube 11 for men, para assistir à premiação “Meu Ovo é um Show”.
O clube funciona em um discreto casarão azul no bairro do Tororó, na região central da capital baiana. De fora, ninguém imaginaria que ali, em poucos minutos, ocorreria um concurso de corpos seminus —com direito a júri e checagem.
Recepcionada pelo dono da casa, a reportagem cruzou um corredor e logo se deparou com homens envoltos em toalhas brancas —traje exigido para entrar na sauna.
Para ir ao local da competição, basta descer um lance de escadas, e um salão com pouca luz se apresenta. Frequentadores tomavam drinques e batiam papo ao pé do ouvido.
Uma batida do trance embalava a noite, enquanto todos aguardavam pelo concurso. Efeitos visuais eram projetados em um telão, e pufes em uma área reservada completavam a decoração. Fazia calor em Salvador.
Em uma mesa de frente para o palco da apresentação, a comissão julgadora do concurso já estava a postos — todos eram frequentadores da casa. A tarefa da noite era dar o veredito para três categorias: eleger o maior testículo, o mais bonito e o menor saco escrotal.
O prêmio? Ovos de Páscoa — os tamanhos, claro, dependiam da colocação — e um valor em dinheiro, cuja quantia não foi revelada.
É o concurso mais pitoresco do Brasil, não há outro. Em São Paulo, nas saunas, há concursos para escolha do maior ‘pinto’, por exemplo. Mas eleger o testículo maior, e associado ao ovo de Páscoa, isso é maravilhoso. É o puro suco de Salvador
João Figuer, 55, ator, diretor, professor de teatro e um dos cinco jurados
Pode apalpar!
Antes de chamar ao palco os oito candidatos da disputa, a personagem transformista Bagageryer Spilberg interpreta a música “Bye Bye Tristeza”, de Sandra de Sá. O vestido rosa e a peruca davam a senha de que aquela seria mais uma noite irreverente na casa.
No momento mais aguardado, os oito candidatos — sete são rapazes que trabalham na casa e apenas um era um concorrente externo — despontam de uma cortina ao lado do palco. Não é permitido fazer fotos.
Eles usavam máscaras de Carnaval para cobrir o rosto e vestiam cuecas vermelhas — da marca “Kelvin Kley” — numeradas de 1 a 8 e adaptadas para ter um furo na região escrotal, de onde os testículos ficavam “pendurados”, para a análise dos jurados.
Um a um, os concorrentes paravam na frente do júri, faziam uma pose e eram avaliados.
Durante a exibição daquele que seria mais tarde anunciado o maior ‘ovo’ da edição, ouviram-se palmas e gritos efusivos da plateia.
A análise dos testículos é feita a olho nu, sem o uso de régua ou fita métrica. Mas, sim, os jurados podem apalpá-los. Alguns apenas olharam, outros preferiram, de fato, sentir a “textura” antes de tomar a decisão.
Primeiro, foi anunciado o dono do saco escrotal “mais bonito” — e o competidor de número 2 alcançou o posto. O “menor ovo” ficou com o rapaz de cueca número 8, que recebeu o prêmio meio ressabiado.
Marcelo (nome fictício), 32 — dono da cueca de número 6 — foi aclamado vencedor do concurso na categoria de maior testículo pela segunda vez, sob gritos dos frequentadores.
Além do ovo de chocolate tamanho G, ele embolsaria naquela noite uma premiação em dinheiro, cujo valor ainda desconhecia.
Garoto de programa do Clube 11 há oito anos, o vencedor exaltou o feito. “É legal, gratificante, já que a gente trabalha há tanto tempo na casa. Me sinto prestigiado”, comemorou o rapaz, atualmente solteiro e sem filhos.
A festa no clube termina com apresentação de gogo boys e mais música.
Fetiche por testículos
Fundador e dono do Clube 11, o empresário Valmick Braz diz que o concurso “Meu Ovo é um Show” traz à tona uma das várias fantasias que alguém pode ter.
Tem gente que tem tesão em pés, axilas, mamilos, bundas e ‘outras cositas más’. E existe uma parcela da população gay que tem fetiche por testículos, popularmente conhecidos como ‘saco’ ou ‘ovo’
Valmick Braz
O empresário afirma que a casa promove outros concursos na pegada sensual, a exemplo do ‘Bumbum de Ouro’ e da ‘Noite do Pica-Pau’, que escolhe o candidato mais “bem dotado” da disputa.
Sauna e cabine
Aberta em 2005, a casa funciona de terça a domingo — e só homens podem entrar. Na sauna, o sexo é proibido. Quem quer uma experiência mais quente pode alugar um quarto. Outra opção são as cabines de uso gratuito.
Na noite da competição, a casa registrou o maior público do ano —mais de 150 pessoas prestigiaram o concurso, que já ocorre há alguns anos no clube e deve se repetir na próxima Páscoa.
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