O jornalismo da Globo viveu mais um dia de cortes. Após desligamentos no Rio, diversos profissionais de São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Brasília foram demitidos hoje em um novo dia tenso nos corredores da emissora.
O colunista Lucas Pasin, de Splash, que relatou os bastidores do primeiro dia de demissões, conversou também com pessoas de São Paulo envolvidas diretamente nos desligamentos. O que se via nos corredores era medalhões do jornalismo, com anos de trabalho, chorando: ou pela própria demissão, ou por desligamento de amigos.
Muito do clima de tensão acontece por conta das “listas” que circulam nos próprios grupos de WhatsApp dos jornalistas. Nessas listas são publicados nomes que supostamente serão desligados. Colegas passam a prestar condolências antes mesmo de saber se o desligamento foi confirmado.
As “listas” são formadas a partir dos quesitos já apontados internamente por gestores da Globo: funcionários com alto salário, que possuem plano de saúde diferente do novo modelo e que recebem bônus por participação.
Na Globo SP, as demissões começaram às 7h, com o desligamento de Márcia Correa, editora-chefe do Bom Dia São Paulo. Durante todo o dia, até aproximadamente 16h, outros nomes foram avisados sobre o desligamento.
Quem trabalha no local já sabe: primeiro o gestor da área de jornalismo chama para uma conversa, e depois direciona o funcionário para o prédio da área de RH da Globo. Neste percurso, colegas próximos percebem a movimentação e já entendem que mais um nome foi demitido.
“Não existe um sorriso na TV Globo hoje. Todos passam o dia esperando a sua vez. Muitas pessoas ficam chorando nas áreas comuns, no café, em pequenas rodas de colegas”, contou uma fonte à coluna.
Em Recife e Belo Horizonte, com a demissão de diretores, jornalistas temem ficar sem autonomia. É esperado que a gestão dessas emissoras passe a ser do Rio de Janeiro, sendo assim, eles não terão mais diretores locais.
Além das demissões, a Globo também bloqueou vagas que estavam abertas na edição do Jornal Hoje e no portal G1 de São Paulo. Essas vagas não serão preenchidas em razão dos cortes no jornalismo.
No primeiro dia de demissões, cerca de 20 profissionais, incluindo repórteres, editores, produtores e apresentadores, foram demitidos no Rio de Janeiro.
Os repórteres Eduardo Tchao, Mônica Sanches, Flavia Jannuzzi e Marcelo Canellas foram os primeiros nomes desligados da emissora ontem. Além deles, o diretor artístico do Fantástico Jorge Espírito Santo, o Jorjão, e o repórter investigativo Arthur Guimarães também foram demitidos. Marcos Serra Lima, Alba Valéria Mendonça e Rodrigo Melo, profissionais que trabalhavam no portal G1 também estão na lista de desligados.
Na manhã de quarta-feira, Marcia Correa, editora-chefe do “Bom Dia São Paulo”, foi demitida. Além dela, outros nomes foram desligados hoje: Márcia Witczak, editora e apresentadora do DF1, Fábio Turci, Lúcia Carneiro, da GloboNews, Sávio Ladeira, Marta Cavallini, Olivia Henriques e Dennis Barbosa, do portal G1.
O que diz a Globo?
A Globo, assim como as demais empresas de referência do mercado, tem um compromisso permanente com a busca de eficiência e evolução, mas lamenta quando se despede de profissionais que ajudaram a escrever e a contar a sua história. Isso, no entanto, faz parte da dinâmica de qualquer empresa. Os resultados da Globo refletem a boa performance do conjunto das suas operações e uma constante avaliação do cenário econômico do país e dos negócios. Como parte do processo de transformação pela qual vem passando nos últimos anos e alinhada à sua estratégia, a empresa mantém a disciplina de custos e investimentos em iniciativas importantes de crescimento.
Com informações de Splash – UOL