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Ao menos quatro pessoas morreram após um incêndio atingir o Instituto de Caridade Lar Paulo de Tarso, na Rua Jerônimo Heráclio, 479, no bairro do Ipsep, zona sul do Recife (PE), na madrugada desta sexta-feira, 14. Outras 13 ficaram feridas. As causas ainda são investigadas.
Oito crianças e adolescentes foram internados no Hospital da Restauração, que tem uma ala especializada em atendimento a pacientes queimados, com quadro grave de intoxicação pela inalação de fumaça, que provoca queimaduras internas nas vias aéreas. Quase todas estão também com queimaduras externas na pele. Outras cinco – quatro crianças e um adulto – ficaram sob os cuidados do Hospital Geral de Areias.
“A situação das crianças socorridas ainda é muito grave, por causa da inalação dessa fumaça que entra na corrente sanguínea e provoca danos muito rapidamente. Algumas tiveram de ser entubadas”, disse o major do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco e supervisor de operações, Lamartine Melo.
“A apresentação clínica principal das vítimas é de queimaduras nas vias aéreas e inalação de fumaça. Existem sim queimaduras externas, mas o quadro clínico que todos apresentam com maior gravidade é este”, disse o médico Petrus Andrade, diretor-geral do Hospital da Restauração.
Visivelmente abalado, Gezler Carlos, diretor administrativo da instituição, que abriga crianças de 2 a 11 anos em situação de risco social, lamentou a morte de três crianças e de uma funcionária e pediu orações para os feridos. “Estamos com o coração rasgado, mas temos muita fé que Deus irá ajudar na recuperação dos que estão internados. Peço neste momento a oração de cada um que esteja acompanhando essa dor sem tamanho.” A funcionária que morreu foi identificada como Margareth da Silva, de 62 anos. O Lar Paulo de Tarso funciona há 30 anos no local e recebe crianças e adolescentes encaminhados pelos conselhos tutelares e pelo Juizado da Infância e Juventude.
Testemunha
O barbeiro Flávio Santos, de 34 anos, mora em uma rua próxima do Lar Paulo de Tarso e chegou ao local pouco depois das 3h, horário em que os vizinhos perceberam as chamas e acionaram o Corpo de Bombeiros. Com outros sete homens, ele forçou as grades na tentativa de abrir caminho para o socorro às vítimas. “Minha esposa me acordou já chorando muito porque ouviu os gritos das crianças que estavam presas e das pessoas na rua. Eu saí correndo do jeito que estava. Todo mundo tentou ajudar. Pegamos barras de ferro, martelos, tudo o que a gente podia para arrombar as grades. Tentei subir pelo telhado para ver se conseguia pular tirando as telhas, mas estava muito quente e acabei queimando as mãos e os pés. Foi um desespero muito grande a gente ouvir as crianças chorando, gritando, pedindo para não morrer. Tenho um filho de 4 anos e só pensava nele”, contou.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a ocorrência foi registrada às 4h20, quando a corporação foi acionada para atendimento no local. “Foram enviadas 12 viaturas com equipes de resgate, incêndio e salvamento para prestar socorro”, disse em nota. A Criminalística apura as causas.
Morte e paixão
O filho de uma das vítimas do incêndio lembrou a paixão da mãe pelo trabalho. A cuidadora Margareth da Silva, de 62 anos, morreu durante a ocorrência, ao lado de três crianças que estavam no local. “Ela amava essas crianças, sempre pedia para a gente rezar por elas. Agora, eu só quero enterrar minha mãe o mais rápido possível”, disse Adjair da Silva.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.