Foto: Edílson Rodrigues/Agência Senado
Em audiência no Senado nesta quinta-feira (27), ex-presidente do Banco Central apontou risco de o Brasil “desembocar em um grande fiasco” com a nova regra
Em audiência pública no Senado nesta quinta-feira (27), Armínio Fraga (foto) afirmou que a “aritmética” do arcabouço fiscal proposto pelo governo Lula não fecha e disse haver risco de o Brasil “desembocar em um grande fiasco”.
A nova regra fiscal apresentada por Fernando Haddad, o ministro da Fazenda, vai substituir o teto de gastos —criado em 2016, na gestão Michel Temer, para impedir o crescimento das despesas do governo acima da inflação.
“A aritmética não fecha. Não é suficiente zerar o primário. Porque zerando o [déficit público] primário significa que você está tomando dinheiro emprestado para pagar os juros”, disse o ex-presidente do Banco Central na audiência, conforme o relato de O Globo.
“E o juro é esse que a gente conhece. É fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. A aritmética simplesmente não fecha”, acrescentou Armínio, que fez essas declarações na presença de Haddad.
As metas do arcabouço fiscal da gestão Lula incluem zerar o rombo nas contas públicas em 2024 e gerar um superávit primário (excluindo os juros) de 1% do PIB no ano seguinte. Até agora, não está claro de onde o governo vai tirar dinheiro para isso.
O ex-presidente do BC, que apoiou o petista na eleição do ano passado, afirmou ainda que 2022 “foi um ano de mobilização em apoio à nossa democracia. Foi um ano dificílimo. Foi bom, deu certo”.
“Porém as coisas agora chamam atenção do lado econômico. Se o ano passado foi o ano da democracia, este é o ano da economia. (…) Na minha avaliação, do jeito que as coisas andam, nós estamos arriscados a desembocar em um grande fiasco e já daqui a pouco abrirmos outra vez a discussão sobre a nossa democracia”, completou Armínio.
O Antagonista