Foto: Caio Coronel
A negociação da tarifa de Itaipu deste ano entra na fase final. O valor provisório foi fixado unilateralmente pelo lado brasileiro em US$ 12,67 / Kw (cerca de R$ 62,65 por kilowatt) no final do ano passado e poderá subir para casa de US$ 16 (R$ 79,11). Os negociadores paraguaios trabalham para manter a tarifa de US$ 20,75 (R$ 102,60), que foi o valor fixado em 2022. Uma reunião do conselho marcada para esta segunda-feira (17) discute os valores.
A tarifa de US$ 12,67 é o menor valor da história. Em comparação ao valor praticado em 2022, trata-se uma queda de 33% sobre o preço em dólar. No entanto, estudo da gestão bolsonarista estimam que ele poderia ser ainda menor, próximo de US$ 10 (R$ 49,45). Um custo adicional vai penalizar os consumidores de energia do lado brasileiro.
Apesar de a energia produzida por Itaipu ser dividida meio a meio entre os dois países, o Paraguai não consome toda a sua parte e, ao final, os brasileiros das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste consomem 85% da energia distribuída, com impactos na conta de luz dessas regiões.
A tarifa de Itaipu atualmente é uma discussão mais política do que técnica. O tratado que rege a usina estabelece que Itaipu não pode ter lucro, ou seja, dinheiro sobrando. A tarifa equivale às despesas para manter a usina, tecnicamente chamadas de Cuse (Custos de Serviço de Eletricidade).
Eles são a soma de três grandes grupos. O custo mais pesado sempre foi a dívida contraída para a construção da usina, que vinha representando pouco mais de 60% do total. A dívida, no entanto, foi quitada no final de fevereiro deste ano. Permanecem o pagamento de royalties pelo uso da água, que é atrelado à produção de energia.
Também é relevante o chamado custo de exploração, que na prática agrupa as despesas para operação e manutenção da usina, mas também inclui os desembolsos com a missão socioambiental da usina. Com o passar dos anos, esse custo adicional se concentrou em obras.
Pessoas próximas a empresa, que preferem não ter o nome revelado, afirmam que a alta da tarifa, se confirmada, vai canalizar recursos para esses gastos qualificados como socioambientais que interessam especialmente aos políticos do Paraguai e principalmente do Paraná, onde se concentram os aportes socioambientais de Itaipu.
O Tempo