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O senador Ciro Nogueira (PP-PI) criticou nesta 6ª feira (21.abr.2023) o acordo firmado entre a varejista chinesa Shein e a Coteminas (Companhia de Tecidos Norte de Minas), do presidente da Fiesp, Josué Gomes, e a Santanense para estabelecer no Brasil uma rede com milhares de fabricantes do setor têxtil.
Em seu perfil no Twitter, Ciro disse que a parceria seria uma “recompensa” do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Josué depois que ele recusou o convite para assumir o Ministério da Indústria.
“Na campanha, o presidente da FIESP sobe no palanque a favor de Lula. Faz manifesto pela ‘democracia’, como se fosse independente. Eleito, Lula o convida para ser ministro. Recusa, mas agora ganha sua recompensa”, disse o senador.
Para ele, o acordo foi parte de uma “triangulação” mediada por Josué Gomes com a viagem da comitiva brasileira à China na última semana. Ciro levantou dúvidas sobre a transparência da parceria e disse que a Coteminas e a Santanense são empresas “praticamente quebradas”.
“A democracia não tem preço! Será mesmo?”, questionou.
A divulgação do acordo na 5ª feira (20.abr) foi comunicada no mesmo dia em que a Shein encaminhou uma carta (íntegra –3 MB) ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometendo investir inicialmente R$ 750 milhões para “aumentar a competitividade de fábricas têxteis brasileiras”.
A empresa especializada nas vendas on-line de vestuário afirma ainda que criará 100 mil empregos no país nos próximos 3 anos, além de estabelecer parceria com 2.000 fabricantes brasileiros.
Também na 5ª (20.abr), Haddad disse que a Shein nacionalizará 85% dos produtos em 4 anos. A varejista também se adequará ao plano de conformidade da Receita Federal.
O acordo beneficia a empresa chinesa, que tornou-se um percalço na popularidade do governo com a repercussão negativa sobre a intenção de tributar seus produtos.
A parceria junto à Coteminas indica uma mediação de Josué Gomes –que foi convidado para assumir o Ministério da Indústria de Lula (leia mais no final desta reportagem)– para livrar a Shein dos impostos federais e pôr panos quentes na crise.
Josué é filho do ex-vice-presidente José Alencar (1931-2011), que ocupou o Palácio do Jaburu nos 2 primeiros mandatos de Lula (2003-2010). De 2004 a 2006, José Alencar também ocupou o cargo de ministro da Defesa e desenvolveu boas relações com os militares.
Em dezembro, o presidente da Fiesp foi convidado por Lula para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mas declinou enquanto lidava com uma crise interna na federação paulista. A insatisfação era parte de desdobramentos de um conflito entre os dirigentes da indústria e a gestão de Josué, iniciada em 2021.
TAXAÇÃO DE IMPORTAÇÕES
Na 3ª feira (18.abr), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cedeu à pressão de parte de seus eleitores e desautorizou o ministro da Fazenda na decisão de cobrar impostos sobre importações de até US$ 50 por pessoas físicas.
Assim, as compras de produtos com valor declarado de até US$ 50 vindos do exterior continuarão sem serem taxadas. O governo arrecadaria R$ 8 bilhões por ano se tivesse mantido a taxação.
Agora, Haddad e sua equipe vão precisar achar uma forma de aumentar a arrecadação para cumprir a meta da receita orçamentária, estimada em cerca de R$ 150 bilhões.
Depois da decisão do presidente, o ministro disse que o governo atuará para “coibir a fraude” e quer resolver a situação com uma “medida administrativa” até maio.
Créditos: Poder360.