Foto: Rafael Ribeiro.
Segundo Casagrande, não foi nada estranha a derrota da seleção brasileira para o Marrocos, 4º colocado na Copa do Qatar com um desempenho muito superior ao time do Tite.
É um novo ciclo, com o Ramon Menezes como interino, um time sem entrosamento e com muitos jogadores novos. É assim que começa um novo trabalho.
Ficou nítida a superioridade tática e técnica da seleção do ótimo treinador Walid Regragui. Marrocos é um time compacto, que tira o espaço do adversário, coloca uma intensidade muito forte no jogo e muita agressividade para marcar e atacar.
Ataca a defesa adversária quando perde a bola, para continuar a pressão, e foi assim que fez os dois gols. Tem um forte entrosamento, com triangulações dos dois lados, tanto defensivas para sair jogando quanto ofensivas para armar e agredir o adversário.
Marrocos demonstrou nesse amistoso contra a seleção brasileira que tem uma forte geração de jogadores comandada por um dos melhores treinadores do mundo nesse momento.
Conseguiu a sua primeira vitória contra uma campeã do mundo, deixando claro que, talvez, não seja só um momento, mas uma mudança de patamar no futebol mundial.
O Brasil está se montando mas Ramon, na minha opinião, errou no modo que escalou o ataque da seleção, com Rodrygo enfiado como centroavante e com Rony aberto para marcar a descida do lateral.
Rony foi convocado porque está jogando muito e sendo decisivo como centroavante do Palmeiras. É raro Rodrygo jogar enfiado entre os zagueiros, porque no Real Madrid que faz essa função é o Benzema.
O ataque da seleção foi nulo no primeiro tempo e só criou perigo numa saída de bola errada do goleiro Bono, que conseguiu fazer duas ótimas defesas depois do erro.
O meio-campo foi sem criatividade e sem chegada na área, e isso deixou o time muito previsível.
A seleção melhorou a parte ofensiva no segundo tempo graças às arrancadas do Vinicius Jr, que cansou de ficar aberto sem receber uma bola em condições de partir para cima.
Ao fazer essas avaliações, parece que o Brasil foi um lixo, mas não é isso que quero dizer. Mas é que dava para escalar melhor, deixando o time mais competitivo.
Ramon teve tudo na mão, convocou bem, mas inventou na escalação ofensiva, porque colocou dois jogadores em posições opostas do que estão jogando.
O Rony está sendo decisivo no Palmeiras há tempos como centroavante e o Rodrygo muda a cara do jogo entrando na direita ou como meia, encontrando o Benzema – foi assim que ajudou, e muito, o Real Madrid a ganhar a Champions League na temporada passada.
A seleção marroquina era totalmente favorita para vencer essa partida com o estádio lotado e torcida empolgada.
Mesmo o Brasil empatando, com um frangaço do goleiro Bono, a seleção de Marrocos não se abateu, conseguindo lidar com um período de pressão descoordenada da seleção brasileira, e foi buscar a vitória.
Acho que o Ramon poderia ter trabalhado melhor na escalação e nas alterações também.
É uma pena que o Brasil só tenha usado uma data Fifa, porque seria interessante ter outro jogo com uma escalação mais equilibrada no ataque, com cada jogador na posição que joga nos seus clubes.
Gostaria de ver Rodrygo, Vitor Roque e Vini Jr formando o trio ofensivo. Infelizmente o Ramon Menezes perdeu essa oportunidade.
Créditos: Walter Casagrande Jr. para UOL.