Um tribunal da Califórnia se recusou nesta quarta-feira (1º) a conceder liberdade condicional a Sirhan Sirhan, o assassino do senador Robert F. Kennedy em 1968, alegando que o detento ainda não está ciente da causa que o levou a atirar no então também candidato à presidência dos Estados Unidos.
Em 2021, um painel do conselho de liberdade condicional da Califórnia considerou Sirhan apto para a libertação, mas de acordo com a lei estadual, o governador Gavin Newsom tinha o poder de negar essa decisão e, após quatro meses de revisão, acabou bloqueando a libertação.
Assim, nesta quarta-feira, a advogada de Sirhan, Angela Berry, baseou sua defesa em afirmar que os novos membros do conselho foram influenciados pelo governador do Partido Democrata e pela defesa da esposa de Kennedy, que continua se opondo à libertação de Sirhan 54 anos após ser preso.
“O conselho cedeu ao capricho político do governador”, resumiu Berry após a audiência realizada em uma prisão federal no condado de San Diego.
Além disso, Berry entrou com um pedido de habeas corpus alegando que Newsom supostamente deturpou os fatos, cometeu “abuso de discricionariedade” e violou a lei estadual, que prevê que os presos devem ser colocados em liberdade condicional, a menos que representem uma “ameaça irracional” para a segurança pública.
No entanto, em uma declaração feita no ano passado, o governador da Califórnia definiu Sirhan como uma “ameaça irracional”, argumentando que “não foi capaz de superar” as causas que o levaram a assassinar o irmão do presidente John F. Kennedy (1961-1963).
De acordo com a imprensa americana, a 17ª audiência de liberdade condicional de Sirhan está programada para ocorrer em três anos.
Sirhan, de 78 anos, foi originalmente condenado à morte, mas a pena foi comutada para prisão perpétua quando a Suprema Corte da Califórnia proibiu a pena capital em 1972.
Preso há mais de meio século, Sirhan foi condenado por atirar em Kennedy em 5 de junho de 1968, logo após o senador ter vencido as primárias do Partido Democrata na Califórnia, que o tornaram favorito para as eleições presidenciais daquele mesmo ano, que acabaram sendo vencidas pelo republicano Richard Nixon.
A viúva do senador, Ethel Kennedy, afirmou publicamente em várias ocasiões que Sirhan não merece liberdade condicional e que deveria continuar sua sentença de prisão perpétua. Por outro lado, dois dos seis filhos do falecido político apoiam sua libertação.