Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Deputado federal do PL foi chamado de “Chupetinha” durante CCJ da Câmara.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi alvo de insultos homofóbicos por colegas da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (28).
O parlamentar mineiro, que foi o mais votado do país em 2022, foi chamado de “chupetinha” por colegas de profissão.
A comissão, que se reuniu para ouvir o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), foi marcada por debates intensos entre os governistas e a oposição. Em certo momento, o deputado pediu que Dino tratasse a comissão “com respeito, sem deboche”, afirmando que aquele ambiente “não tem palhaços”.
A partir disso, outros congressistas começaram com os ataques. A primeira ofensa homofóbica que se ouve é “chupeta”, apelido que surgiu após um vídeo fake viralizar nas redes sociais, associando-o a conteúdos eróticos homossexuais.
Pouco depois, deputados gritavam “peruca” e “Nikole”, referências a um episódio protagonizado por Nikolas no último dia 8 de março. No Dia Internacional da Mulher, o deputado usou uma peruca e disse que “mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres”.
Ainda sobre os ataques na CCJ
Sob mais gritos de “chupetinha”, o parlamentar interrompeu sua fala e pediu para que o presidente da Comissão, deputado Rui Falcão (PT-SP), parasse o relógio.
Enquanto Falcão sinalizava para ele pudesse prosseguir, foi possível ouvir outro deputado dizer: “Vai, Chupetinha”. Com mais um insulto, o ambiente voltou a ficar tumultuado.
Nikolas, em resposta, disse que a esquerda “usa a homossexualidade como ofensa”.
Intolerância permitida?
Em alta, o assunto Nikolas Ferreira acende o debate sobre o “ódio do bem”. Nas redes sociais, internautas questionam a imunidade absoluta sobre quem pertence a determinado grupo, que acaba se beneficiando de inúmeras ações, independentemente do que faça ou diga. O ódio do bem, na prática, é o ato de exercer seu mais profundo e amargo rancor, sem sofrer nenhuma retaliação, desfrutando da blindagem de quem possui poderes maiores.
Apesar de alegar tolerância, de pregar pluralismo de ideias, o ódio do bem surge no momento em que algum indivíduo é confrontado, exposto ao embate. Através do constrangimento e de atitudes de intimidação, quem discursa em cima desse palanque ideológico busca silenciar vozes contrárias, rotulando tudo, impondo suas verdades, sem sequer parar para ouvir o que o outro tem a dizer. Em suma, é tentar vencer uma discussão buscando evitá-la.
No caso que envolve o político mineiro, os que dizem representar minorias, de serem embaixadores de direitos da comunidade LGBTQIA+, são os mesmos que usam o termo “chupetinha”, que tem teor homofóbico, para soar como investida jocosa, depreciativa.
A luta ideológica e os direitos constituídos em nosso país só são válidos para um lado? Quando se trata da esquerda ou de quem afirme pertencer a esse espectro político, o ódio do bem e intolerância escancarada estão devidamente permitidos? Eis a questão.
Conexão Política