Foto: Cristiano Mariz/Ag. O Globo
Alvo de dois processos e de um pedido de explicações da Justiça, a live que Janja produziu e transmitiu na semana passada junto à EBC causou constrangimento a uma ala de funcionários da empresa pública. São servidores críticos à filmagem com a primeira-dama no estúdio em Brasília e à retransmissão do conteúdo com ela pelas redes sociais da TV Brasil GOV. É um grupo favorável à manutenção da emissora como um veículo de comunicação desassociado ao governo.
Para essa ala, o “Papo de Respeito”, que colocou Janja diante das câmeras para falar sobre os direitos femininos, mimetiza a função que Jair Bolsonaro imprimia à EBC, como uma linha auxiliar do governo e de si próprio. Na contramão, a transmissão ao vivo passou incólume sob a avaliação de outro grupo de funcionários, que espera da EBC um compromisso com a administração federal e entende que a desvinculação, sem reforço à imagem do Planalto, é um desperdício de dinheiro público.
É unânime, no entanto, a percepção de que Janja não deve, por ora, voltar a aparecer nesses termos na EBC. A primeira-dama chegou a publicar on-line que a edição da semana passada (com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e a atriz Luana Xavier) era a “primeira” da atração. Embora houvesse uma possibilidade de trabalhar com uma periodicidade quinzenal, ela não irá se concretizar.
O programa foi tratado como parte de um contrato firmado pela EBC e a Secom, que recorre à empresa pública para serviços institucionais do governo. Não à toa, há críticas às opções da primeira-dama dentro da própria gestão de Lula. Para além do uso da EBC, entrou na mira a maneira atabalhoada com que Janja e sua equipe atuaram: a emissora foi avisada da live apenas na data da exibição.
O Globo