Foto: Roberta Aline/MDS.
O Grupo Carrefour, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, vai contratar beneficiários do Bolsa Família. A intenção é que, quando contratados pela empresa, os trabalhadores deixem de ser beneficiários e assim reduzir o número de bolsas concedidas.
O anúncio e a assinatura do termo de cooperação entre a varejista e o Governo Federal aconteceu nesta sexta-feira, 24, durante uma cerimônia realizada em uma das lojas do Atacadão em Teresina, no Piauí.
Na ocasião, também foi formalizada a contratação de cinco beneficiárias mulheres do Bolsa Família para o quadro de funcionários do Carrefour, sendo duas para uma unidade do Atacadão, duas para o Sam’s Club e uma para o Carrefour Hipermercado.
O Grupo Carrefour é a primeira empresa a integrar o sistema de inclusão socioeconômico por meio do qual o Governo Federal quer conectar os beneficiários do programa de transferência de renda com o setor privado.
Segundo a varejista, não haverá nenhum tipo de incentivo fiscal por parte do governo e a parceria ocorre devido ao alinhamento da pauta com a estratégia de ESG do Carrefour.
“Como maior grupo varejista alimentar, definimos que o combate à fome era um dos pilares da nossa estratégia ESG, então, em fevereiro procuramos o Ministério para entender como participar dessa agenda no novo governo. E foi uma grata surpresa quando soubemos da iniciativa voltada para empregabilidade”, diz Maria Alicia Lima, diretora de relações institucionais, comunicação e engajamento do Grupo Carrefour Brasil.
Como vai funcionar a parceria entre o Carrefour e o MDS para contratação de beneficiários do Bolsa Família
De acordo com a executiva, o Carrefour terá acesso aos beneficiários que estão registrados no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) por meio de uma plataforma da Secretaria Nacional de Inclusão Socioeconômica (Sisec) do Ministério de Desenvolvimento, onde as vagas abertas na varejista serão publicadas. Os interessados devem se inscrever e passar pelo processo seletivo tradicional.
“Entendemos que não basta postar uma vaga no Linkedin ou nos meios tradicionais de recrutamento para chegar a esse público que, muitas vezes, não têm acesso à internet. Nesses primeiros dias já vimos que muitas possuem experiência e até nível superior. Acreditamos que muitas querem, sim, trabalhar. Só precisam de uma oportunidade”, diz Maria Alicia.
A ideia é que, futuramente, os beneficiários cadastrados no CadÚnico também sejam conectados com outros programas do Carrefour voltados para aumentar a empregabilidade de pessoas em situação de vulnerabilidade. Um deles é a Escola Social do Varejo, programa de formação para jovens de 17 a 24 anos que estudaram na rede pública.
“Com o tempo, pretendemos entender e redirecionar melhor as ações. Em conversas com o Ministério, já debatemos que existem regiões que possuem uma necessidade de formação de base maior do que outras”, diz Maria Alicia.
Por enquanto, não há uma meta de contratação de beneficiários nem um planejamento que inclua programas de capacitações específicos para esse público, pensando na retenção dos funcionários dentro do Carrefour. “Mas queremos reter essas pessoas e, no futuro, prestar contas do programa”, diz Maria Alicia.
Em entrevista à EXAME, por e-mail, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reafirmou que pretende tirar 1 milhão de pessoas do CadÚnico por meio de parcerias como as firmadas com o Carrefour. A meta havia sido anunciada pela primeira vez na última segunda-feira, durante um evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
“Começamos com o setor de supermercados, mas vamos seguir com mais contratações. A partir da interlocução que fizemos com as empresas na FIESP ampliaremos as parcerias para setores como construção civil, indústrias de alimentos, de energia, hotéis e restaurantes”, disse Dias à EXAME.
Dias também reforçou que, assim como o anunciado durante a cerimônia de relançamento do programa, quem for empregado e ultrassapar o limite de renda para concessão de benefício (de até R$ 282 per capita), deixa de receber o benefício, mas permanece no CadÚnico. Caso o indivíduo seja demitido e perca a renda, volta automaticamente a receber o Bolsa Família.
Créditos: Exame.