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Depois de 3 dias de negociações, o banco suíço UBS comprou totalmente o Credit Suisse por US$ 3,23 bilhões, segundo a agência de notícias Reuters. Anteriormente, a empresa havia oferecido US$ 1 bilhão pela compra.
De acordo com a agência de notícias, o UBS agora pagará 0,76 francos suíços por ação. Com a oferta anterior, o valor era de 0,25 francos suíços.
O Banco Central da Suíça oferece US$ 108 bilhões em linha de liquidez ao UBS. O governo estipula uma garantia de 9 bilhões de francos suíços para possíveis perdas de ativos na companhia depois da fusão das empresas.
A Bloomberg disse que autoridades da Suíça estavam dispostas a mudar as leis do país para que o voto de acionistas não atrasasse as negociações. O objetivo era assinar o acordo ainda na noite deste domingo (19.mar.2023).
Segundo o Financial Times, o contrato propõe a flexibilização de uma cláusula que anularia a negociação se seus spreads (diferença do juros que um banco paga aos investidores e a taxa que cobra nos empréstimos) de inadimplência de crédito crescessem. O cancelamento da cláusula valeria desde a assinatura do acordo e o fechamento da proposta.
A negociação para uma possível compra pelo UBS se iniciou logo depois que o Credit Suisse informou ter identificado “fragilidades materiais” em seus relatórios financeiros dos últimos 2 anos.
Os 2 bancos são concorrentes na Suíça. Uma fusão total ou parcial entre eles aumenta o poder em uma só instituição financeira. As fontes ouvidas pelo FT disseram que os reguladores suíços elaboraram o acordo para fornecer estabilidade máxima ao sistema bancário da Suíça.
Autoridades da Europa e dos EUA observam a situação do Credit Suisse com atenção. Depois que os bancos norte-americanos SVB e Signature Bank faliram, o mercado ficou mais atento à situação de bancos que passam por turbulências.
Como as duas instituições norte-americanas eram menores e tinham foco em investimentos em startups, o alastramento da crise é menos preocupante. Porém, o Credit Suisse é um dos maiores bancos da Europa. Ativo desde 1856, uma falência traria mais consequências globais.
ENTENDA O CASO
Na 3ª feira (14.mar), o Credit Suisse Group AG Informou ter identificado “fragilidades materiais” em seus relatórios financeiros dos últimos 2 anos. O anúncio foi feito no relatório anual de 2022. Eis a íntegra (6,7 MB, em inglês).
Na 4ª feira (15.mar), as ações do banco caíram até 30,8% na mínima do dia e puxaram a queda do setor bancário global. No Brasil, as 5 principais instituições financeiras na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) perderam R$ 35,7 bilhões em valor de mercado em 4 pregões de 8 a 14 de março.
Horas depois, o Financial Times informou que os executivos do banco de investimentos realizaram reuniões com representantes do Banco Central suíço e da Finma. Ainda conforme o jornal, o Credit Suisse pediu às autoridades monetárias uma declaração pública de apoio.
Mais tarde, o Banco Central da Suíça afirmou que forneceria um suporte de liquidez ao Credit Suisse. As declarações foram dadas em um anúncio conjunto com a Finma.
“O Credit Suisse atende a requisitos de capital e liquidez impostos aos bancos sistemicamente importantes. Se necessário, o SNB [Banco Nacional da Suíça] fornecerá ao CS [Credit Suisse] liquidez”, disse a nota.
Em resposta, o Credit Suisse anunciou na noite da 4ª feira (15.mar) que deve tomar um empréstimo do Banco Central da Suíça de US$ 54 bilhões (cerca 50 bilhões de francos suíços) por meio de uma linha de empréstimo coberta e uma linha de liquidez de curto prazo.
Na 5ª feira (16.mar), as ações do Credit Suisse subiram 19,15% com o anúncio da injeção de liquidez. A alta se deu 1 dia depois de registrar queda acentuada de 24,11%.
Também na 5ª feira (16.mar), a agência de notícias Reuters informou que acionistas norte-americanos do Credit Suisse processaram o banco de investimentos suíço. Eles afirmam que houve fraude por parte da instituição ao ocultar informações a respeito das finanças do banco.
O processo judicial foi aberto em um tribunal federal na cidade de Camden, no Estado de Nova Jersey. O presidente-executivo do Credit Suisse, Ulrich Koerner, e o presidente Axel Lehmann estão entre os réus.
Créditos: Poder 360.