Declaração acontece dois dias depois de suspensão de participação no último grande tratado vigente de controle de armas nucleares
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta quinta-feira, 23, que vai reforçar as forças nucleares russas com um novo míssil balístico intercontinental, mísseis hipersônicos e novos submarinos nucleares. A declaração do mandatário russo acontece um dia antes da marca de um ano da invasão à Ucrânia e dois dias depois do anúncio da suspensão de participação no último grande tratado vigente de controle de armas nucleares.
“Um exército e uma marinha modernos e eficientes são uma garantia da segurança e soberania do país, uma garantia de seu desenvolvimento estável e de seu futuro”, afirmou Putin. “Portanto, continuaremos a prestar atenção prioritária ao fortalecimento de nossa capacidade de defesa”.
Na terça-feira 21, além de acusar o Ocidente por inflamar o conflito na Ucrânia, Putin usou um discurso para anunciar a suspensão da participação russa no Novo Start e sinalizou que poderia retomar testes nucleares. O tratado, vigente desde 2010 e previsto até 2026, indicava que tanto a Rússia quantos os Estados Unidos, que juntos têm 90% do arsenal nuclear do mundo, impusessem um teto de 1.550 ogivas estratégicas implantadas, referindo-se àquelas ogivas montadas em terra ou mísseis lançados no mar.
Sem a pressão do tratado, Putin afirmou então nesta quinta-feira que pretende fortalecer a “tríade nuclear” do país, em referência a mísseis nucleares em terra, mar e ar. Para isso, anunciou os mísseis balísticos intercontinentais Sarmat, que devem ser implementados ainda em 2023. Inicialmente, o projeto foi anunciado em 2018 e deveria ter sido entregue no final do ano passado.
O míssil de 15 metros de comprimento e alcance de até 18 mil quilômetros e pode carregar pelo menos 10 ogivas nucleares. Autoridades americanas acreditam que um teste com o Sarmat foi feito pouco antes de o presidente Joe Biden visitar a Ucrânia no início da semana, mas que a tentativa foi um fracasso.
Além disso, disse Putin, a Rússia continuaria a produção em massa de sistemas hipersônicos Kinzhal para os equipamentos no ar e iniciaria o fornecimento em massa de mísseis hipersônicos Zircon para a Marinha. No mar, o submarino de propulsão Borei-A deve ser adotado, sendo capaz de transportar 16 mísseis balísticos.
“Com a adoção do projeto submarino de propulsão nuclear Borei-A – ‘Imperador Alexandre III’ – na Marinha, a capacidade de armas e equipamentos modernos nas forças nucleares estratégicas navais chegará a cem por cento”, disse Putin.
Em janeiro, Moscou já havia anunciado que finalizou a sua primeira ogiva nuclear Poseidon. O super torpedo seria capaz de causar ondas radioativas que tornariam cidades costeiras inabitáveis.
Segundo Putin, o equipamento é “invencível” e funciona com uma velocidade superior a de qualquer submarino ou torpedo.
“Eles são muito silenciosos, têm alta capacidade de manobra e são praticamente indestrutíveis para o inimigo. Não há arma que possa combatê-los no mundo hoje”, revelou Putin quando anunciou o projeto.