Foto: Sergio Lima/AFP.
A cúpula da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) injeta milhões de reais e aposta alto na preparação dos criminosos convocados para executarem um possível plano de resgate a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da organização. Parte do treinamento dos “soldados” é feita fora do país e conta com técnicas de guerrilha.
A coluna Na Mira obteve informações exclusivas sobre a dinâmica da preparação dos faccionados selecionados criteriosamente pela chefia da quadrilha. O treinamento bélico ocorreria na selva boliviana, com guerrilheiros integrantes de forças paramilitares. Alguns grupos formados por mercenários desertores das forças armadas bolivianas também dariam “aula” aos criminosos brasileiros. A informação é do Portal Metrópoles.
O curso de guerrilha envolveria, principalmente, técnicas avançadas para o manuseio de armas pesadas e uso de explosivos. Aliados a esse conhecimento, os integrantes do PCC desenvolveram habilidades de sobrevivência na selva. Essa última informação tinha um propósito especifico: explorar a geolocalização do presídio federal em Porto Velho (RO), onde Marcola estava encarcerado. Atualmente, ele se encontra detido em Brasília.
Fuga pela selva
Segundo o promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) Lincoln Gakiya — atuante no combate às facções criminosas no estado —, o ponto onde fica o presídio, próximo a uma selva, facilitaria o resgate do chefe da facção paulista. “Embora as unidades federais tenham praticamente a mesma forma de difusão e protocolos de segurança, o presídio é muito distante da capital, praticamente encravado na selva. A divisa com a Bolívia facilitaria uma possível fuga”, afirmou.
Gakiya relatou ter havido muita preocupação das autoridades federais com a execução de um plano de resgate e a transferência de Marcola para a Penitenciária Federal de Brasília. “A unidade em Brasília conta com uma muralha que reforça as cercanias da unidade e que nenhum outro presídio do país possui. Ela aguenta tiros de fuzil .50, choques de caminhão, caso o veículo seja jogado contra a proteção. Ainda há quatro torres blindadas usadas para vigilância. Acredito que é o presídio mais seguro do país”, observou.
A última remoção de Marcola para o presídio federal no DF, segundo o promotor, vai dificultar qualquer opção de resgate. Após a transferência, o ministro da Justiça, Flávio Dino, argumentou que “essa operação se fez necessária para garantir a segurança da sociedade”. O ex-ministro Justiça Anderson Torres, atualmente preso, havia determinado a saída de Marcola dos presídios da capital em março de 2022. Na ocasião, Ibaneis Rocha (MDB), governador afastado do DF, tinha intercedido pela transferência.
Polêmicas
Marcola foi transferido para o Presídio Federal de Brasília pela primeira vez em março de 2019, em uma chegada que gerou reações políticas no DF. Na época, Ibaneis ficou indignado e afirmou que era “inadmissível aceitar a instalação do crime organizado na capital da República”.
A Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) também se manifestou contra, ainda em 2019. Após três anos de prisão na capital, e muitas ações de forças de segurança contra a instalação do PCC em Brasília, Marcola acabou sendo transferido para o presídio de Porto Velho (RO) em 2022.
Em agosto do ano passado, a Polícia Federal, com o apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), deflagrou a Operação Anjos da Guarda, com o objetivo de desmantelar o plano de resgate de líderes do PCC presos nas penitenciárias federais de Brasília e Porto Velho. Entre os criminosos, constava Marcola.
Créditos: Metrópoles/Na Mira.