A defesa alega que a decisão do papa Francisco foi publicada sem que o sacerdote pudesse se defender das acusações
O ex-padre da cidade de Blumenau, Santa Catarina, Alcimir Pillotto, de 71 anos, recorreu ao Supremo Tribunal Federal(STF) para questionar e reverter a sua expulsão do clero por parte do papa Francisco. A decisão ocorreu depois do Tribunal de Justiça (TJ) de Santa Catarina considerar que não é responsabilidade da Justiça brasileira julgar o caso.
O Vaticano acusou Pillotto de revelar a confissão de fiéis e de ter mantido um relacionamento amoroso com sua secretária particular da Diocese de Blumenau, que morava na mesma casa que ele. Porém, a defesa alegou que a mulher não tinha vínculo com o cliente. Mesmo assim, a notificação de desligamento ocorreu em 2021.
De acordo com o advogado, a decisão do Papa foi publicada sem que o Tribunal Eclesiástico, divisão interna da Igreja Católica que julga casos, terminasse de organizar a defesa do ex-sacerdote.
“Na minha opinião, os juízes de Blumenau não julgaram o mérito da questão. Como não posso recorrer mais ao Tribunal Eclesiástico, porque as decisões do Papa não são questionáveis, decidi entrar no STF, alegando que a medida fere o direito constitucional de ampla defesa do padre”, disse o advogado Telêmaco Marrace ao site Metrópoles.
Em dezembro do ano passado, o TJ determinou que não cabe à Justiça cuidar do caso do ex-padre. Para a defesa de Pillotto, porém, a Igreja se submete à Constituição Federal. O objetivo do defensor é que a Justiça faça o caso retornar ao tribunal interno da igreja para que, com a defesa estruturada, o ex-padre tenha direito de mostrar o seu lado.