Não há evidência científica que respalde a obrigatoriedade do uso da proteção, segundo o Conselho Federal de Medicina
Foto: Dudu Contursi/Estadão Conteúdo
O Conselho Federal de Medicina (CFM) enviou, nesta segunda-feira, 13, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), um documento alertando sobre a ineficácia do uso de máscaras na prevenção da covid-19.
O informe é assinado pelo presidente do órgão, José Hiran da Silva Gallo. O CFM chegou a tal conclusão depois de analisar e revisar dezenas de publicações científicas referentes ao tema, incluindo tanto estudos favoráveis ao uso de máscaras para a população quanto estudos contrários ao uso.
“Foram encontrados indícios de prejuízos individuais e coletivos da adoção de políticas de máscaras como as contempladas aqui”, informou o CFM. “Conclui-se que, diferentemente do que ocorre no contexto de profissionais de saúde em ambientes hospitalares usando equipamentos de alto nível, não há justificativa científica para a recomendação ou obrigatoriedade do uso de máscaras pela população em geral como política pública de combate à pandemia da covid-19.”
Dentre os trabalhos favoráveis ao uso da máscara de forma disseminada, o CFM citou mais de 20 estudos. Todos eles se apropriam de argumentos semelhantes para justificar o uso do material. “O conjunto das evidências disponíveis aponta que o SARS-CoV-2 é transmitido principalmente por meio de partículas em aerossol, produzidas direta ou indiretamente”, explicou. “Elas tendem a permanecer no ar por longos períodos de tempo e viajar a distâncias relativamente longas, além de serem mais difíceis de filtrar por meio de máscaras faciais.”
O CFM analisou dezenas de publicações sobre a ineficácia do uso de máscaras, mas destacou no texto um recente estudo de metanálise publicado pelo Cochrane Library, referência mundial em medicina especializada.
Em seu estudo, a Cochrane Library inseriu 12 ensaios, dez deles randomizados para usar ou não a máscara, abrangendo a análise da transmissão dentro de uma comunidade toda. Os outros dois estudos analisavam a transmissão dentre os funcionários da área da saúde.
O centro de estudo concluiu que não há evidência científica que relacione o uso de máscaras com aumento ou diminuição da transmissão de doenças pelo ar. “As conclusões pela ineficácia são baseadas em metanálise de estudos randomizados (RCTs). As máscaras não fazem quase diferença. Os resultados não só não têm significância estatística, como as estimativas pontuais de eficácia são muito próximas de zero.”