Incerteza quanto à política fiscal do país é um dos fatores que pesam no interesse dos investidores
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Até outubro e novembro do ano passado, o Brasil era considerado “um refúgio para os investidores”. Uma reportagem com esse título chegou a ser publicada pela Bloomberg, especializada em finanças e dados econômicos em outubro.
“Enquanto a volatilidade atinge até mesmo as economias mais fortes dos mercados emergentes, um país está se transformando em um refúgio de calma e escolha dos investidores para esconder a onda de aperto do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos: o Brasil”, dizia o texto, publicado em outubro.
Agora, porém, com a eleição e posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o país perdeu o posto de melhor opção dentre emergentes. “A história de que o Brasil era a o melhor entre os piores foi verdade até outubro, novembro”, disse o estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, em reportagem publicada novamente pela Bloomberg e reproduzida por veículos nacionais.
Pesou nessa perda de status, segundo Ferreira, “os ruídos políticos e as incertezas fiscais” no cenário nacional. Desde que ganhou a eleição, Lula tem feito críticas à política monetária do Banco Central. E, em pelo menos duas ocasiões, depois que assumiu a Presidência, também criticou a autonomia do BC.
Além disso, ainda durante a campanha, já criticava o teto de gastos e ameaçava acabar com o limite das contas públicas. Conseguiu no Congresso, ainda no ano passado, aprovar uma emenda à Constituição — a PEC do Estouro — para extrapolar, em 2023, o limite em R$ 145 bilhões.
No cenário internacional, a reabertura da China volta a atrair investimentos. Para Ferreira, a aposta ainda é em ações defensivas de empresas geradoras de caixa em áreas como commodities e energia. “Em algum momento isso vai mudar, quando ficar mais claro o cenário para o juro, mas me parece cedo”, diz o estrategista à Bloomberg “O catalisador será a questão dos juros.”
Na última reunião, o Comitê de Política Monetária manteve a Selic em 13,75%. Nas últimas edições do Boletim Focus, analistas de mercado têm projetado inflação maior para 2023 — em 2022, o Brasil fechou com taxa de 5,79%, menor que a dos Estados Unidos e a da União Europeia.