Foto: Pedro Gontijo/Senado / Clauber Cleber Caetano/PR
Tem um ditado que diz: “vão os anéis e ficam os dedos”. Com o país dividido e uma rejeição nunca vista a um presidente eleito, uma forma de acalmar os ânimos do povo e das instituições, vista por parte dos políticos, seria a saída de Rodrigo Pacheco da presidência do Senado Federal. Isso é dito inclusive por agentes de centro-esquerda. Com a saída de Jair Bolsonaro, que perdeu por uma diferença quase insignificante de menos de 1%, a oposição quer alguma sinalização de que o país não vai ficar totalmente nas mãos de Lula e o senador eleito Rogério Marinho surge como a possibilidade de apaziguar o país, que passou por arroubos de manifestações violentas e extremismos nunca vistos antes.
Lula como presidente é considerado, por pelo menos metade do Brasil, como infame. Acusado de sustentar o maior esquema de corrupção que o mundo já viu, foi posto em liberdade por uma série de erros no processo conduzido pelo ex-juiz Sergio Moro, que acabou beneficiando o petista. Para qualquer pessoa sensata, que sabe da gravidade dos acontecimentos que ocorreram e que se livrou de passar o resto da vida na cadeia, um passo a ser tomado seria desaparecer por um bom tempo da cena política brasileira, considerando a mancha no seu currículo, mas Lula foi extremamente audacioso, desafiou a normalidade e candidatou-se a presidência da República, ganhando a eleição por um consórcio da política brasileira que se uniu em torno do seu nome para desbancar Jair Bolsonaro, um presidente extremamente austero e contra o que a velha politica costumava a fazer. Essa velha política que volta ao poder com ânsia de reviver os tempos “áureos” de suas gestões.
Com discurso de união em torno dos brasileiros, o novo governo fez o contrário: com uma política de perseguição aos opositores, conseguiu inflamar ainda mais um país extremamente polarizado. Na avaliação de políticos experientes, a eleição no Senado serviria para oxigenar a democracia saindo o atual presidente, Rodrigo Pacheco, aliado da esquerda e entrando Rogério Marinho, um político experiente, que não é extremista e conta com a arte do diálogo para conduzir o congresso Nacional. Isso ajudaria a satisfazer uma das premissas da constituição Federal de 1988 que são os freios e contrapesos. A torcida é que o Brasil volte a ser o país onde se respeita a diversidade de pensamentos e de política sem a marginalização posta por alguns setores da sociedade sobre varios temas cotidianos. O país para ser democrático precisa de liberdade para se discutir todos os temas pertinentes à convivência harmoniosa de 250 milhões de pessoas.
A disputa pela presidência da Casa está marcada para o dia 1° de fevereiro e deverá ser um evento que reunirá a atenção da população brasileira. No site www.comovotasenador.com.br, o brasileiro pode acompanhar um prognóstico de intenção dos senadores e como cada um votará. Hoje, Rodrigo Pacheco aparece na dianteira com 35 votos declarados e com uma tendência de desidratar diante da pressão popular. Com esses votos, o senador mineiro ainda não teria o necessário para se eleger. O seu grande rival, Rogério Marinho, conta com cerca de 30 votos declarados. Já Eduardo Girão, que corre por fora, teria pelo menos 7 votos declarados de apoio a sua candidatura. Vence quem conseguir chegar a 41 e a disputa deverá, fatidicamente, ir para um segundo turno. Até lá, muita conversa de bastidor em Brasília deverá ser o ponto decisivo da disputa.
Junior Melo (advogado e jornalista)