Placar da disputa deve mostrar a força de Marinho para avançar com pautas sobre abuso de autoridade.
Apesar de considerarem pouco provável uma vitória de Rogério Marinho (PL-RN) na disputa pela presidência do Senado, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão preocupados com a quantidade de votos que o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) pode conquistar.
Nesta quarta-feira (1º) haverá um confronto direto entre ele e o atual presidente da Casa Legislativa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que busca a reeleição ao cargo por mais dois anos.
Na visão de integrantes do STF, uma votação expressiva em Marinho pode demonstrar uma disposição do Senado em avançar com ofensivas contra o Judiciário, como, por exemplo, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar abuso de autoridade de magistrados.
No Senado, para que se abra uma CPI, é preciso pelo menos 27 assinaturas. Esse é número-chave que Marinho não poderia conquistar de jeito nenhum, ao menos na visão de alguns integrantes do Supremo.
“Se Marinho sair derrotado, mas obtiver mais de 30 votos, os bolsonaristas vão ter uma capacidade muito grande de fazer estrago”, disse um ministro do STF ao jornal O Globo sob condição de anonimato. “A questão não é apenas a vitória de Pacheco, mas o placar dela”, completou.
É por isso que nos últimos dias alguns ministros têm telefonado para senadores indecisos, com o argumento de que eles deveriam votar em Pacheco para garantir a “normalidade” das instituições e apaziguar a crise política entre os poderes da República.
Aliados do atual presidente já admitem que ele não deve ter a votação expressiva que conquistou em 2021, quando derrotou Simone Tebet (MDB-MS) por 57 votos a 21. Apesar disso, eles preveem pelo menos 51 votos, o que também seria um bom placar.
No entanto, na outra ponta da linha, Rogério Marinho e seu entorno acreditam que terão o apoio de pelo menos 35 senadores, o que indica que há congressistas prometendo votos aos dois candidatos.
Ainda que todos esses votos em Marinho se confirmem, é óbvio que não significa que haverá uma CPI de imediato. Mas o discurso dele de que Pacheco “não defende o parlamentar” e deixa o STF atropelar o Parlamento deve se mostrar ainda mais forte na Casa Alta.
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