Banco demonstra preocupação com indicadores econômicos
Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo
O Itaú Asset, braço de gestão de recursos do banco Itaú, alertou para os impactos políticos e econômicos do Brasil sob o governo Lula. O comunicado foi enviado em sua carta mensal aos cotistas, na quarta-feira 8.
No documento, o Itaú afirma que as primeiras ações do governo, antes mesmo da posse, foram na direção contrária ao ajuste fiscal, com aprovação da PEC do Rombo, com um custo estimado de R$ 145 bilhões, e a prorrogação das desonerações sobre combustíveis, que custam R$ 50 bilhões ao ano.
A instituição financeira queixa-se de, no mês passado, os dados econômicos ficarem em segundo plano para Lula, ofuscados pelo noticiário político, em especial ao relacionado à formação do novo governo e indicações não técnicas.
O Itaú criticou ainda falta de clareza sobre a âncora fiscal da nova gestão, a ausência de informações sobre a reforma tributária e alertou para a possível elevação de impostos.
“Nossos desafios de entender o novo arcabouço fiscal e as novas políticas econômicas do governo que acaba de assumir trará, no mínimo, alguma entropia e volatilidade aos mercados”, prevê o banco. “Teremos um ano desafiador internamente. Não se tem detalhes sobre como o governo pretende desenhar a futura regra fiscal, bem como se uma eventual reforma tributária trará um aumento relevante na arrecadação. Com isso, as expectativas de inflação para diversos prazos passaram a subir.”
De acordo com os gestores do Itaú, todos esses desdobramentos trazem riscos para a condução da política monetária que, mesmo já operando com juros reais elevados, pode ter dificuldade para atingir a meta de inflação.
“Soma-se a isso outras indicações negativas de política econômica (maior participação de bancos públicos no crédito — provavelmente subsidiado —, fim da agenda de privatizações, enfraquecimento da Lei das Estatais e da reforma trabalhista etc.), todas já testadas no passado”, lembrou o Itaú. “O resultado foi (e deve voltar a ser) baixo crescimento, inflação alta, juro elevado e aumento do endividamento público.”
Revista Oeste