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O jornalista Glenn Greenwald usou suas redes sociais neste sábado (14) para denunciar os ataques que vem sofrendo por produzir reportagens críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo Twitter, Glenn afirmou que a esquerda tem usado a doença de seu companheiro, o deputado federal David Miranda (PDT-RJ), para atacá-lo.
– Uma grande parte suja da esquerda não debate. Usaram meu marido para me atacar – desde teorias conspiratórias sobre sua doença até usar os sites de fake news criados sobre David por Oswaldo Eustáquio durante a #VazaJato – até o ponto de o nome dele entrar no TT e ficou. Não eram trolls mas um grupo grande de esquerdistas – escreveu.
Em seguida, Glenn afirmou que sua causa “não é um partido”, mas “o mal da punição estatal sem processo justo” e os perigos de explorar o medo para “justificar poderes autoritários”. O comunicador também disse saber que “muitos jornalistas corporativos apoiam o que for popular”, mas que continuará criticando o sistema usado por Moraes.
– Os ataques a mim, David, nossa família, ameaças, etc. não nos impediram de fazer reportagens no passado, nem David se recusou a apoiar Lula no 1° turno. Acredito que o sistema que de Moraes usa é perigoso – autoritário – e continuarei a relatá-lo e criticá-lo, mesmo com ataques – completou.
O companheiro do jornalista, o deputado David Miranda, está internado desde agosto de 2022 na UTI da Clínica São Vicente, na Zona Sul do Rio de Janeiro, para tratar uma infecção gastrointestinal. O problema, no entanto, acabou evoluindo para um quadro de sepse – infecção generalizada -, e atingiu também pâncreas, rins, fígado e pulmões.
Confira a postagem de Glenn, na íntegra:
“Moro aqui [no Brasil] há 17 anos, então sabia que minhas reportagens e críticas ao [ministro Alexandre] de Moraes enfureceria grande parte da esquerda. Como disse o NYT [New York Times], a esquerda e a mídia corporativa se uniram para fazer dele seu novo Moro: o juiz-herói que salva a nação e, portanto, não pode ser criticado.
Mas uma grande parte suja da esquerda não debate. Usaram meu marido para me atacar – desde teorias conspiratórias sobre sua doença até usar os sites de fake news criados sobre David por Oswaldo Eustáquio durante a #VazaJato – até o ponto de o nome dele entrar nos TTs [Trending Topics] e ficou.
Não eram trolls, mas um grupo grande de esquerdistas, por isso o nome de David ficou a noite toda nos TTs. Pense em como as pessoas doentes, sociopatas e sem alma devem estar para usar o David para atacar minha reportagem. Mas isso é comum para essa facção.
Quanto ao conteúdo desta ordem de censura que divulguei e a falta de processo justo em geral: Como eu disse durante a #VazaJato, o teste de um sistema de poderes não é se apoia quando tá usado contra seus inimigos, mas quando é usado contra seus aliados e vc mesmo, como será.
Durante a #VazaJato, eu sempre disse: minha causa não é um partido. Minha causa são valores universais: a transparência jornalística, o mal da punição estatal sem processo justo, os perigos de explorar o medo (de corrupção ou bolsonarismo) para justificar poderes autoritários.
Não preciso de palestras sobre algumas partes da direita. Minha família era o principal inimigo. Os aliados de Moro tentaram me prender. Mas as “soluções” também podem ser perigosas: um sistema de censura, punição sem o devido processo, adoração de juízes como heróis e deuses.
Sei que muitos jornalistas corporativos apoiam o que for popular: Moro/LJ [Lava Jato], impeachment de Dilma, prisão de Lula, agora de Moraes. A Globo e o Estadão estão com vocês. Acho que a sociedade sobreviverá se alguns jornalistas independentes questionarem e discordarem dessa repressão.
Os ataques a mim, David, nossa família, ameaças e etc. não nos impediram de fazer reportagens no passado, nem David se recusou a apoiar Lula no 1° turno. Acredito que o sistema que [Alexandre] de Moraes usa é perigoso – autoritário – e continuarei a relatá-lo e criticá-lo, mesmo com ataques.”.
Créditos: Pleno News.