“Se algum elemento, individualmente, teve sua participação, ele vai responder como cidadão”, declarou o ministro da Defesa
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, disse nesta 6ª feira (20.jan.2023) que as Forças Armadas não tiveram envolvimento nos ataques às sedes dos Poderes em Brasília em 8 de Janeiro.
Na semana seguinte aos ataques, em conversa com jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) disse que “muita gente das Forças Armadas aqui dentro” foi conivente. Afirmou que achava que alguém havia aberto a porta para as depredações.
Lula deu uma série de demonstrações de desconfiança com os militares nos dias seguintes ao 8 de Janeiro. Múcio organizou uma reunião do presidente com os comandantes das Forças para apaziguar a situação.
O ministro da Defesa falou a jornalistas logo depois dessa reunião, realizada nesta 6ª no Palácio do Planalto.
“Entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento, individualmente, teve sua participação, ele vai responder como cidadão”, disse ele.
Relatório elaborado pelo grupo de transição de governo diz que 8 militares da ativa lotados na Presidência da República e no GSI (Gabinete de Segurança Institucional) participaram de manifestações contrárias a Lula. O dossiê foi feito antes dos ataques aos Poderes.
Múcio declarou que não se arrepende de ter classificado como democráticas as manifestações em frente a quartéis. Ele falou dias antes de grupos extremistas que estavam acampados em frente ao comando do Exército ir até a Esplanada dos Ministérios e atacar os prédios dos poderes.
Segundo ele, a fala era necessária para tentar reduzir a tensão. “Não me arrependo porque eu vim para negociar. Eu não podia negociar com você e a priori criar um prejulgamento”, disse Múcio.
Ele ficou sob pressão depois dos ataques porque defendia que os acampamentos arrefeceriam e acabariam sozinhos, enquanto outra ala do governo defendia que as aglomerações fossem dispersadas logo depois da posse. Lula, porém, bancou sua permanência no cargo.
O ministro também afirmou que os militares “estão cientes e concordam” com ações para punir integrantes que tenham participado das depredações.
“Evidentemente que no calor da emoção a gente precisa ter cuidado para que essas acusações sejam justas e as punições sejam justas. Tudo será providenciado em seu tempo”, disse o ministro.
Ele afirmou que as apurações estão com a Justiça e que a reunião entre Lula e os comandantes não abordaram o assunto.
“Nós não tivemos um problema? Precisávamos ter uma conversa que não tratasse disso. Eu queria era virar a página”, declarou o ministro.
REUNIÃO NO PLANALTO
Lula recebeu Júlio Cesar de Arruda (comandante do Exército), Marcos Sampaio Olsen (comandante da Marinha) e Marcelo Kanitz Damasceno (comandante da Aeronáutica) no Palácio do Planalto.Palácio do Planalto – 20.jan.2023Lula, ao lado de Alckmin e Rui Costa, conduz reunião com comandantes militares e empresários
Também participaram o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e os ministros José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil). De acordo com Múcio, o encontro foi para discutir a indústria de Defesa do Brasil.
Além desses participantes, estavam presentes empresários ligados ao setor industrial, como: o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes da Silva; o presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Benjamin Steinbruch; e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.
A reunião estava marcada para 10h, mas começou por volta das 10h40. Acabou aproximadamente 13h. Depois, os militares participaram de uma 2ª reunião no gabinete de Rui Costa, mas para discutir a viagem que Lula deve fazer a Roraima no fim de semana.