Exposição a vapores tóxicos e produtos químicos contaminados estão entre as principais causas
Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Um estudo feito pela Universidade Central de Lancashire, no Reino Unido, a pedido do sindicado dos brigadistas de incêndio (FBU), mostrou que os bombeiros têm até seis vezes mais chances de morrer por algum tipo de câncer do que pessoas comuns. A pesquisa expõe a ampla gama de riscos ocupacionais que os funcionários da linha de frente enfrentam com a exposição a vapores e materiais tóxicos.
Segundo o estudo, a taxa de mortalidade para todos os tipos de câncer é 1,6 vezes maior em bombeiros do que no público em geral. Para câncer de próstata é 3,8 vezes maior, para leucemia 3,17 vezes e câncer de esôfago 2,42 vezes. Nos casos em que o câncer de origem desconhecida se espalhou, é 6,37 vezes maior.
A pesquisa ainda sugere que a leucemia está ligada à exposição a produtos químicos como o benzeno, e os cânceres de esôfago e órgãos digestivos à ingestão de mãos contaminadas. Os bombeiros tendem a morrer de ataques cardíacos em uma taxa cinco vezes maior que a média e derrames em quase três.
“Este estudo deve horrorizar os bombeiros e o governo. Precisamos de vigilância sanitária, monitoramento de exposições e legislações para garantir que os bombeiros afetados recebam a compensação que merecem. Vidas estão sendo perdidas e isso deve parar”, afirmou Riccardo la Torre oficial da FBU.
O jornal britânico, The Mirror, conversou com um bombeiro de 51 anos que diz que passou sete anos lutando contra um câncer que, segundo ele, tem “100%” de certeza que foi causado pelo trabalho.
“É uma tortura. Entrei aos 34 e fui diagnosticado aos 40 com câncer de bexiga. Fiz 30 cirurgias. Eles removeram 15 tumores. Mas voltou, então estou começando a quimioterapia. As toxinas envolvidas no combate a incêndios são enormes”, afirmou o bombeiro Steven Burns.
O profissional que agora tenta educar os bombeiros sobre os perigos do trabalho, acrescentou: “Este relatório está atrasado e uma ação urgente é necessária por parte do governo para cuidar dos salva-vidas”.