Foto: Eduardo P/Wikimedia Commons.
A Americanas precisará de até R$ 21 bilhões em capital para atender seus credores, de acordo estimativas da XP Investimentos. A corretora analisou possíveis alternativas à empresa varejista depois da divulgação de uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em seus resultados.
Por causa da falta de visibilidade em demonstrações financeiras, foram considerados diferentes cenários de endividamento e margem operacional (Ebitda) no estudo.
Depois da análise, a XP estimou que a Americanas terá que captar valores entre R$ 12 bilhões e R$ 21 bilhões com a oferta de ações.
Outra possibilidade citada pelos analistas é que a Americanas entre em recuperação judicial. Segundo a empresa de investimentos, esta “pode ser considerada a alternativa mais provável, dado o tamanho da dívida da Americanas e da potencial necessidade de capital, além do número de credores envolvidos”.
A XP pontuou que a recuperação judicial é um processo longo, com duração média de 3 anos, mas que pode exceder este prazo. Na Oi, por exemplo, levou 6 anos.
A Americanas também teria que sair da Ibovespa, pois companhias em recuperação não são admitidas pela bolsa de valores brasileira. Isso “pode impactar negativamente a liquidez” da varejista, afirmou a XP.
As ações “tendem a sofrer durante processos de recuperação judicial”, pois “as medidas são focadas nos credores e são geralmente diluitivas aos acionistas”.
Como possíveis soluções, os analistas sugeriram: o rebalanceamento da estrutura de capital por meio do desinvestimento de ativos, renegociação de dívidas, conversões de dívidas em ações e aumento de capital.
ENTENDA
A Americanas divulgou um comunicado ao mercado na 4ª feira (11.jan) informando inconsistências em lançamentos contábeis de cerca de R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões em dívidas. O executivo Sergio Rial pediu demissão do cargo de CEO da companhia, assim como André Covre, diretor de Relações com Investidores. Eis a íntegra do documento (409 KB).
Dois dias depois, na 6ª feira (13.jan), o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) concedeu uma medida de tutela cautelar, a pedido da empresa. A decisão estabelece um prazo de 30 dias para que seja apresentado um pedido de recuperação judicial. Eis a íntegra do documento (51 KB).
A Americanas disse que o pedido de tutela foi a “medida mais adequada” no momento, mas negou estar trabalhando para entrar em recuperação judicial.
“A tutela de urgência não representa um procedimento de recuperação envolvendo a companhia. A companhia continua empenhada em manter conversas positivas com seus credores visando ao atingimento de um acordo que seja benéfico a todos os seus stakeholders”, declarou em nota.
AÇÕES
Também na 6ª feira (13.jan), as ações da Americanas na B3 subiram 15,81%, vendidas a R$ 3,15. Foi a maior alta do dia. Às 14h41, cada papel chegou a ser negociado a R$ 4,32, uma valorização de 58,8%.
As ações da empresa terminam a semana em alta, depois de registrarem um tombo de 77,3% na 5ª feira (12.jan), quando eram vendidas a R$ 2,72 cada. Foi uma das maiores quedas diárias registradas desde 2008 na bolsa brasileira, segundo dados da TradeMap.
Mesmo com a alta recente, o valor de mercado da Americanas despencou R$ 8,37 bilhões em 2 dias. Saiu de R$ 10,83 bilhões para R$ 2,46 bilhões. Isso fez com que a maioria das empresas do setor de comércio se desvalorizasse.
Créditos: Poder 360.