Primeira a votar, a relatora chamou emendas do relator no orçamento de “grave ameaça” à Constituição; caso corre o risco de ficar para 2023
A ministra Rosa Weber concluiu, na tarde desta quinta-feira (14), seu voto pela inconstitucionalidade das emendas de relator, que dão forma ao orçamento secreto. O esquema das RP-9 seria “incompatível” com a ordem republicana, na visão da ministra.
Agora, resta apenas uma sessão neste ano para que a corte conclua o julgamento – se os dez ministros não lerem seus votos amanhã, a decisão fica para 2023.
Em seu longo voto, preparado há alguns meses, a presidente da Suprema Corte disse que a instrumentalização das emendas se opõe frontalmente à qualquer diretriz constitucional sobre transparência, sendo práticas “patrimonialistas e obscuras”. Ela sugere suspender a execução de emendas a partir de agora, e tornar o envio de emendas entre 2020 e 2022 públicas e transparentes em até 90 dias.
Rosa disse que a política das emendas de relator beneficia ações apenas de caráter local, destinada a atender interesses eleitorais ou favoritismos individuais do parlamentar.
“A atuação de congressistas, como se fossem verdadeiros ‘vereadores federais’, ocasiona a utilização pulverizada de recursos públicos em atividades estatais de impacto meramente local”, disse, “com evidente perda de qualidade e eficiência na implementação de políticas públicas de interesse nacional, aumento dos custos e da despesa, distorção na competitividade de candidatos, entre outros incontáveis prejuízos ao interesse público.”
Para ela, a instituição desta política “representa grave ameaça” aos princípios constitucionais.
Mais cedo, ela agradeceu o esforço dos parlamentares em regulamentar a questão, mas disse que a votação de amanhã não tem como impactar o julgamento da Suprema Corte. O julgamento deve ser retomado amanhã, com o voto de Nunes Marques.
O Antagonista