Foto: WU HAO/EFE/EPA.
Algumas pesquisas feitas pelas autoridades de saúde da China revelam que até 60% da população de algumas cidades do país foi infectada com Covid-19, informou neste sábado (31) o Health Times, uma subsidiária do Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças da província de Sichuan, na região central da China, divulgou nesta semana os resultados de uma pesquisa com mais de 158,5 mil habitantes, que mostra que a taxa de pessoas infectadas pelo coronavírus supera 63%.
A província de Sichuan é uma das mais populosas da China, com mais de 80 milhões de habitantes, e a capital, Chengdu, foi uma das primeiras cidades a serem atingidas por um surto em larga escala após o início do desmantelamento da política de “Covid zero”, no início de dezembro.
A agência garantiu que o número de infecções atingiu seu nível máximo por volta de 23 de dezembro e que já está “em declínio”.
Por seu lado, as autoridades da ilha meridional de Hainan, com 9,2 milhões de habitantes, afirmaram nesta sexta-feira que a taxa de infecção estimada da província atingiu os 50%, embora a sua capital, Haikou, já tenha ultrapassado o pico, de acordo com os cálculos.
Duas cidades da província costeira de Zhejiang (no leste), Quzhou e Zhoushan, calculam que entre 30% e 40% de sua população tenha contraído o vírus.
O epidemiologista-chefe do Centro de Controle de Doenças da China, Wu Zunyou, afirmou nesta semana que a onda de infecções por Covid sofrida pelo país já “atingiu seu pico” em locais como Pequim, Tianjin (nordeste) e a já citada Chengdu.
Wu disse que a disseminação em algumas áreas, como Pequim e arredores, nas regiões centrais de Sichuan e Chongqing e nas províncias do sul foi “muito rápida”.
“Em lugares como Xangai (leste), Hubei (centro) ou Hunan (centro), a pandemia ainda está em fase de rápida propagação”, disse o epidemiologista.
A Comissão Nacional de Saúde declarou nesta segunda-feira que, a partir de 8 de janeiro, a Covid deixará de ser uma doença de categoria A na China, o nível de perigo máximo (cujas medidas necessárias para sua contenção são mais severas), para passar a ser uma doença de categoria B, que contempla um controle mais frouxo, o que marca na prática o fim da política de “Covid zero” que vigorava havia quase três anos e que foi abandonada pelas autoridades nas últimas semanas.
A rápida disseminação do vírus pelo país lançou dúvidas sobre a confiabilidade dos números oficiais, que relataram apenas algumas mortes recentes pela doença, apesar de localidades e províncias estimarem que uma proporção significativa de sua população foi infectada.
Segundo um especialista citado pela imprensa do estado, as mortes causadas por doenças em decorrência da Covid em pacientes que foram infectados pelo coronavírus não são contabilizadas como mortes pela doença.
Hospitais de grandes cidades, como Pequim ou Chongqing, estão sob grande pressão e têm sofrido dificuldade para atender todos os pacientes, segundo relatos nas redes sociais do país.
A Organização Mundial da Saúde esteve recentemente “muito preocupada” com a evolução da Covid na China e exigiu “mais informações”, ao que Pequim respondeu que tem compartilhado os seus dados “de forma aberta e transparente” desde o início da pandemia.
O governo chinês assegurou, no início deste mês, que estavam reunidas as “condições” para que o país ajustasse a sua estrita política de “Covid zero” face a uma “nova situação”, em que o vírus provoca menos mortes.
As mudanças surgiram após o esgotamento das restrições, em protestos em vários pontos do país, após a morte de dez pessoas em um prédio aparentemente confinado em Urumqi (noroeste), com slogans como “Não quero PCR, quero comer” ou “Devolva minha liberdade”.
Créditos: Portal R7.