Expectativa é de uma produção de 293,6 milhões de toneladas no próximo ano na projeção para grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas
Apesar das adversidades causadas pela seca, pandemia, preço do dólar, guerra na Ucrânia e aumento do valor dos insumos, o agronegócio brasileiro se manteve resiliente e tem expectativa para uma safra recorde no próximo ano. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê uma safra de 293,6 milhões de toneladas para 2023, o que representa um avanço de 11,8% sobre 2022 na projeção para grãos, cereais, leguminosas e oleaginosas. Em entrevista à Jovem Pan News, a empresária do setor, Carol Curimbaba, analisou o contexto da produção nacional: “Apesar de tudo isso, que a gente sabe como é duro empreender no campo aqui no Brasil, em qualquer lugar do mundo, mas no Brasil a gene sabe como é difícil. Mesmo assim, vai ser um ano bom, com muitas adversidades, mas um ano bom para o agronegócio. E uma expectativa melhor ainda para 2023”. Vale destacar que, em 2022, a inflação dos alimentos chegou na mesa dos brasileiros e impulsionou o IPCA ao lado dos combustíveis.
“A gente acredita que os preços vão ficar relativamente altos, por toda a crise mundial que vem forte. Os grandes países que não viam inflação há décadas, Estados Unidos e Europa, estão vendo uma inflação forte. A gente pode perceber nesse último ano e a gente acredita que ela vai se manter. Os juros vão continuar altos, o dólar também com certa volatilidade. A guerra não está dando muito sinal de que vai acabar. Em um mundo tão incerto assim, o Brasil conseguiu segurar as pontas. Foi uma força-tarefa do público e do privado juntos segurando as pontas, especialmente do setor produtivo e do setor do agronegócio”, analisou Curimbaba.
O impacto das variantes negativas foi sentido por muitos produtores que têm dificuldades para manter suas culturas no campo, como explicou o economista e professor do Mackenzie, Hugo Garbe: “Quando a gente fala de agronegócio no Brasil, a gente tem grandes players, mas o crédito para o agronegócio ele é ainda muito complicado no Brasil. Eu vejo que o mercado financeiro, ainda em 2022, não entendeu direito como é que funciona o agronegócio brasileiro. Entrando no dia a dia desse produtores rurais, crédito com prazo safra, ou seja, o cidadão planta milho e ele tem que ter um crédito que acompanhe o prazo da safra dele, que são nove meses a um ano. A pouco tempo a gente foi ter esse tipo de crédito no Brasil, que atenda definitivamente os produtores rurais. Muita gente passou apertado e ainda está sofrendo consequências ou quebrou”.
A respeito do ambiente desfavorável nos Estados Unidos e Europa, em 2023, Garbe destaca o impacto no Brasil: “Em uma crise econômica na Europa, Estados Unidos ou qualquer lugar do mundo, as famílias, que são os consumidores finais, vao deixar de consumir bens de produção de consumo. Ou seja, geladeira, carro e afins. O agronegócio não. Ou seja, a alimentação, de uma forma geral, é o último item a ser substituído pelas famílias. A não ser que a gente tenha uma crise muito profunda em termos globais, o que não é provável. É provável que a gente tenha uma recessão nos Estados Unidos e na Europa também, mas nada muito profundo”.
Jovem Pan