Foto: Cristiano Mariz/VEJA.
Anunciado nesta sexta-feira como futuro ministro da Defesa, José Múcio Monteiro afirmou em entrevista à Globo News que assume o cargo com a missão de pacificar as Forças Armadas, envolvida nos últimos anos na polarização que tomou conta do país, e que não serão toleradas manifestações políticas de militares nas redes sociais. Ele não detalhou quais providências serão tomadas, limitando-se a dizer que agirá com “doçura”.
O ministro confirmou que os atuais comandantes serão substituídos pelos oficiais mais antigos de cada Força e os novos vão assumir com a missão de unificar o discurso para pacificar e despolitizar as tropas.
— O momento é pacificação das Armas, cada uma voltar para o seu papel. A despartidarização das Forças Armadas é absolutamente necessária no país — afirmou Múcio, que assumirá o cargo a partir de janeiro.
Além dos nomes dos novos comandantes das Forças Armadas, Múcio também disse já ter escolhido o Secretario-Geral da Defesa, seu número 2 na pasta. Será Luiz Henrique Pochyly da Costa, atual secretário-geral de administração do Tribunal de Contas da União (TCU), com quem trabalhou na Corte de Contas.
Para comandar o Exército, o escolhido foi o general Júlio Cesar de Arruda, na Marinha, o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, e, para a Força Aérea Brasileira (FAB), o brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno.
Múcio informou que na próxima segunda-feira vai se reunir com o atual ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, para dar iniciar à transição. Ele também disse vai conversar com os atuais chefes da Forças a fim de convencê-los a mudar da ideia de antecipar a passagem do comando para dezembro, antes da posse de Lula, o que poderia ser interpretado como um ato de indisciplina.
Para Múcio, hoje existem seis Forças: “o Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Bolsonaro e o Exército, a Marinha e a Aeronáutica que gostam de Lula”. Há ainda uma sétima, disse, os militares que estão nos cargos públicos e que deverão exonerados.
— Tem muitos militares em cargos da Esplanada. Eles não representam uma Arma, são de todas as Armas. Numa mudança de governo, você faz a substituição, vamos ver como as coisas vão acontecer — afirmou Múcio, acrescentando que os próximos 20 dias, até a posse, serão difíceis.
O futuro ministro criticou Bolsonaro por incentivar movimentos golpistas, dizendo que ele deveria mandar aos manifestantes acampados em frente a quartéis enrolarem suas bandeiras, de olho em 2026. Para Múcio, que disse amigo do atual presidente, Bolsonaro deixou a digital dele ao falar para apoiadores nesta sexta-feira, depois de 37 dias de silêncio.
— Ele hoje colocou a digital — disse Múcio.
Ele disse ainda que vai conversar sobre isso com o ministro da Defesa para entender se haverá repercussão nas Forças Armadas. Reiterou que vai procurar Bolsonaro para entender a motivação e se houve mudança no cenário.
Somente depois disso, será possível assegurar uma posse tranquila de Lula.
— Ele (Bolsonaro) vai ter que sair com grandeza para que seus eleitores saibam que ele pode voltar.
Créditos: EXTRA.