Rafaela Vitória, do Banco Inter, destaca que a medida parece ser “irresponsável”, “com pouco planejamento” e “sem avaliação dos custos para a economia”
Em entrevista exclusiva a O Antagonista, a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, destaca o potencial negativo da proposta para as contas públicas em 2023. De acordo com ela, “R$ 200 bilhões acima do teto significa um crescimento real de despesas de 6% no ano o que elevaria os gastos públicos para 19,5% (do PIB-Produto Interno Bruto), contra um resultado estimado de 18,3% em 2022”, destaca. “Além de transformar o superávit deste ano de 1,4% para um potencial déficit de 1,6% no ano que vem”, conclui.
Rafaela Vitória frisa ainda que o gasto adicional deve elevar a inflação e dificultar a trajetória atual de convergência da inflação para a meta. Para ela, isso eventualmente resultará em novas altas da Selic pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Medida, aliás, precificada na curva de juros atual que embute um aumento na taxa básica de juros de 0,50 p.p. ainda no primeiro semestre de 2023.
A economista ressalta que esse movimento pode iniciar um ciclo vicioso com o custo da dívida pública, que já está bastante elevado, subindo ainda mais. “A perspectiva de juros mais altos por mais tempo tende a prejudicar ainda mais o resultado fiscal de médio e longo prazo, com despesas com juros que podem ultrapassar 7% do PIB”, afirma. “Em suma, uma expansão de gasto bastante irresponsável nesse momento, com pouco planejamento e sem avaliação dos custos para a economia”, resume Vitória.
O antagonista