Para Marcos Mendes, do Insper, declarações de Lula contra o teto de gastos restringem opções de nomes de ministro para a área econômica
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O economista Marcos Mendes, professor do Insper, em São Paulo, é conhecido pela destreza com que lida com a numerária das contas públicas. Não por acaso, foi um dos primeiros a apresentar as dimensões do rombo no teto de gastos – e suas consequências para as pessoas – caso as despesas embutidos nas promessas de campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e outros já aprovados pelo Congresso, sejam incorporados ao Orçamento de 2023.
Hoje, o limite do teto é de R$ 1,68 trilhão. Em 2023, atingirá cerca de R$ 1,8 trilhão. Acrescidas as “despesas adicionais”, seriam necessários entre R$ 52 bilhões e R$ 200 bilhões a mais. “O limite superior desse número só depende da gula do pessoal”, diz Mendes.
Para ele, a defesa de novos e maiores despesas e as críticas ao teto de gastos feitas por Lula nesta semana, só piora a situação. “Vai ser difícil achar um ministro com credibilidade para a economia”, diz. “Caminhamos cada vez mais para uma solução caseira do PT. E pode ficar difícil até montar uma equipe técnica forte”, completa.
E quais seriam as consequências se a gastança vingar? É o que Marcos Mendes explica a seguir, a partir de dois cenários:
Cenário 1
Para Mendes, caso o buraco no teto seja de R$ 175 bilhões, o que já se cogitou durante a última semana, o resultado não seria outro além de “desastre”. “Teríamos um déficit de 3,8% do PIB”, afirma. “Com isso, as pessoas vão dizer: ‘Se estão fazendo uma maluquice dessas logo na largada, imagina o que vem depois?’ No dia a dia, os juros vão subir muito, o capital estrangeiro vai deixar o país, o dólar vai se valorizar, vem pressão inflacionária e tudo isso vai levar o país à recessão.”
Cenário 2
Com um rombo de R$ 110 bilhões, a situação melhora um pouco, mas pouco. “Para chegar a esse valor, teria de haver uma negociação muito forte para a redução das despesas cogitadas até aqui”, observa. “Mesmo assim, o clima seria de forte apreensão, com um déficit de quase 1,4% do PIB. Dessa forma, vai pelo ralo a possibilidade de negociação da reforma tributária, porque o governo vai correr atrás de receita. Teremos uma economia amarrada e vamos tocar a vida dentro da nossa mediocridade.”
Créditos: Portal Metrópoles.