Apesar de ambos serem antigos e tradicionais nomes da política brasileira, essa foi a primeira vez que eles conversaram
Marina Ramos/Câmara dos Deputados
Sem intermediários, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) procurou para uma conversa o presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma aproximação que tem como meta costurar sua permanência na presidência da Câmara. Apesar de ambos serem antigos e tradicionais nomes da política brasileira, essa foi a primeira vez que eles conversaram.
De acordo com pessoas próximas do petista e do presidente da Casa ouvidos por Oeste nesta quarta-feira, 2, o movimento de Lira foi bem recebido por Lula, tendo sido fundamental para que o petista decidisse por uma agenda em Brasília, na próxima semana. Na ocasião, Lula já garantiu ao seu staff que irá conversar pessoalmente com Lira e também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A conversa deverá ser no Congresso, na segunda-feira, 6, em que Lula é esperado pelos parlamentares. O presidente eleito também terá reuniões com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber.
“A aproximação foi por telefone, por enquanto. O presidente (Lira) ligou para cumprimentar o presidente eleito, mas vai surgir um momento em que eles vão ter de governar, porque o governo eleito tem interesse de conversar e nós também, para que isso seja articulado”, afirmou um parlamentar ligado a Lira.
A movimentação de Lira está também diretamente ligada com a possibilidade de sua manutenção na presidência da Casa. A eleição da Mesa ocorre em fevereiro. Oestetem mostrado que, em um movimento estrategicamente calculado, líderes dos partidos do centrão na Câmara dos Deputados já ensaiavam uma debandada do governo de Jair Bolsonaro (PL) antes mesmo da eleição de Lula.
Centrão quer Lira na presidência
Na última semana de atividades no Congresso antes do pleito, os parlamentares tiveram conversas sobre como os partidos iriam se colocar a partir de segunda-feira 31, primeiro dia depois das eleições. O PP, principal legenda que compõe o grupo, comanda as conversas e colocou na mesa de negociações a manutenção de Lira na chefia da Casa.
“É uma campanha em andamento, que está sendo construída faz tempo. O mapeamento da reeleição do Lira já estava sendo feito e agora segue com novos elementos, mas está tudo dentro do programado”, afirma um dos responsáveis pelas conversas.
No caso de Arthur Lira, os parlamentares do PP atuam em busca de votos que garantam sua manutenção na presidência da Casa. A aliados e até a opositores, Lira desponta como candidato mais forte na disputa pela Mesa. O resultado da eleição da Mesa da Câmara, que ocorre apenas em fevereiro, espelha a força que os partidos têm na composição do Congresso. Ao centrão, manter a presidência da Casa é questão inegociável.
