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A Black Friday é uma data comemorativa e originária nos Estados Unidos, onde diversos estabelecimentos supostamente oferecem descontos imperdíveis. Entretanto, diversos países adaptam essa data e a transformaram até em “o mês da Black Friday”, com direito a promoções enganadoras. Por isso, para não cair em fraudes, confira abaixo os dez golpes mais comuns da Black Friday brasileira.
1. Aumentar o preço dias antes
Segundo pesquisa da FGV, a inflação da segunda quadrissemana de outubro veio com alta 0,70%. Sempre que nos aproximamos da Black Friday, o agente fornecedor costuma subir os preços de produtos (normalmente começam 1 mês anterior, de maneira ponderada). No dia da Black Friday, coloca os preços que está acostumado a praticar, causando ilusão ao agente consumidor.
2. Ofertar os piores produtos (encalhados)
O agente fornecedor também tem como prática “colocar na vitrine” os produtos que estão no estoque, uma vez que estoque (pela ótica contábil) é igual a passivo, perda (no curto prazo).
3. Ocultar os malefícios dos produtos
Uma vez que o dia da Black Friday é considerado “concorrência perfeita”, vemos que os fornecedores deixam de expor os malefícios. Como as pessoas estarão procurando preço, dificilmente se atentarão a detalhes.
4. Trocar o preço por parcelas pequenas
Diminuir o valor das parcelas, e não do produto, no âmbito econômico é o que chamamos de discriminação de preços de terceiro grau. Em resumo, quanto menos dígitos, mais ilusão de barato. O agente consumidor encaixa o custo de oportunidade (ou trade off) aos seus gastos mensais, não intuindo que, a longo prazo, pagou o valor total (só que parcelado).
5. Diminuir o preço na compra à vista
Neste conceito, podemos encaixar o trade off, tangendo a que o agente consumidor entende o desconto como lucro. Em contrapartida, para o fornecedor, é mais compensatório a volatilidade da saída do produto ou serviço. Quase que uma via de mãos duplas na qual ambos, quando interessados, saem satisfeitos. Contudo, o maior engano é o “preço pela metade do dobro”.
6. Vender o que não se tem no estoque
Estratégia para evitar estoques, uma vez que este representa o passivo, pois teve o custo de aquisição (muitas vezes de manutenção e armazenamento). Para Paulo Masili, CFO da Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados (ANPPD), é muito comum que os comerciantes anunciem mercadorias que já estão com poucas unidades no estoque. Assim, podem indicar os outros produtos de mesma finalidade que estavam encalhados. Ou seja, anúncios chamativos de produtos esgotados para ofertar outros similares, porém sem descontos. Iscas falsas!
7. Comparar com produtos diferentes
Conceito correlacionado com a discriminação de preços de segundo grau, a estratégia é mostrar os produtos por óticas diferentes, como de preço, características e visual. Isso é feito através de mecanismos que induzem a mostrar determinado produto.
8. Combinar preços com concorrentes
Como mencionado em um dos tópicos, na Black Friday os vendedores combinam preços para que todos se beneficiem e lucrem. O consumidor não percebe diferenças nem nota que, independentemente de quem esteja comprando, quem “se beneficia” é o vendedor. Essa prática é perigosa. Deve-se ter atenção, pois pode configurar um crime de cartel.
9. Utilizar falsas autoridades
Utilizam-se pessoas famosos e/ou influentes para recomendar marcas e produtos. Muitos anunciam que foi feita uma pesquisa por determinada universidade, mas nunca citam a fonte para que seja consultada. Essas ferramentas são usadas para causa impacto ao expectador, trazendo a ilusão de que o produto é excelente. Muitas vezes não é, e até mesmo esses famosos e “influencers” não os usariam. Essa é um dos tipos de falácias utilizadas na engenharia social para persuasão, muito utilizada para manipulação de consumidores ou até eleitores.
10. Trocar seus dados por descontos
De algumas maneiras, os dados dos consumidores (como CPF e biometria) podem ser solicitados para dar descontos. Não passa de uma estratégia para obter dados completos do cliente e utilizar a inteligência artificial para manipular conteúdo e induzir (muitas vezes insistir) o agente à compra. A maneira mais comum são sites pedindo cadastro em troca de X por cento de desconto. Vale salientar que, caso um estabelecimento condicione o fornecimento de dados pessoais para com descontos específicos, de modo não transparente sobre o que será feito com esses dados, pode violar a nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Nesse caso, você pode pedir para falar com o Data Protection Officer (DPO), também conhecido como Encarregado pela Proteção de Dados Pessoais, nova posição que todas as empresas devem ter. Consulte em https://anppd.org/membros quem são os profissionais de privacidade de dados (DPOs) aprovados pela ANPPD (Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados) para atuar em cada Estado brasileiro.
Responsabilidade de ambos os lados
Como observado, diversos métodos podem ser usados para enganar o consumidor durante esse mês da Black Friday. Entretanto, é de extrema importância a atenção dos compradores para não serem ludibriados. Um fator de atenção é não comprar por impulso, mesmo se a promoção for muito atrativa; deve-se pensar duas vezes se você realmente precisa daquele produto ou se já estava buscando antes de se deparar com a promoção. Assim, consegue evitar uma tomada de decisão emotiva ao invés de racional. É o que recomenda o economista Vinícius Santiago, especialista em investimentos e blockchain pela EA Banking School.
A Black Friday, ou até mesmo o mês de novembro, são datas importantes para movimentar o comércio em todo o mundo. Entretanto, deve haver responsabilidades éticas tanto pelo lado dos comerciantes como também a análise crítica por parte dos consumidores. Em um ambiente de internet pós-pandemia, onde muitos se acostumaram a comprar pela internet, toda atenção é pouca, até mesmo para identificar os golpes mais praticados na Black Friday, como também outros comuns no mundo cibernético.
Créditos: Jovem Pan.