foto: 16/10/2019REUTERS/Sergio Moraes
Equipe de transição do governo Lula prevê possibilidade de revisar documento e aponta dois temas caros ao novo governo: transição energética e investimento
A Petrobras apresenta nesta quarta-feira (30), possivelmente após o fechamento do mercado, o plano estratégico para o período 2023-2027. Antes disso, o documento, que define os propósitos e metas para os próximos quatro anos, será aprovado pelo Conselho de Administração da companhia.
A equipe de transição do governo Lula chegou a pedir à diretoria da estatal que adiasse a apresentação para que o plano pudesse contar com as contribuições da futura gestão, em reunião realizada na última segunda-feira (28).
No entanto, recebeu a informação de que o adiamento era impossível devido a uma questão de prazos a serem cumpridos, mas que a próxima diretoria da empresa poderia analisar e revisar o documento.
Essa foi a informação recebida, segundo Maurício Tolmasquin, coordenador-executivo do grupo de trabalho sobre energia da transição e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O governo Lula ainda não divulgou quem deve ser o novo presidente da Petrobras, mas entre os principais cotados está o senador Jean Paul Prates (PT), que esteve na reunião com o atual comandante da companhia, Caio Paes de Andrade.
Tolmasquin destaca que o grupo de transição não tem o objetivo de tomar decisões, mas de traçar um panorama que ajude o novo governo a pensar em estratégias. No entanto, já adiantou que dois assuntos são caros para a equipe: os investimentos e a transição energética.
“Essas são questões que nós temos visões bastante distintas do governo atual. Achamos que a Petrobras está atrasada na transição energética. Hoje, as maiores petrolíferas se tornaram empresas de energia. Temos que entrar nessa questão de novas fontes, como eólica offshore, hidrogênio, metas de descarbonização. São sinalizações que as empresas dão para o mercado de se inserir nesse novo contexto de mudanças climáticas”, defendeu.
O ex-presidente da EPE também reforçou a necessidade de ampliar os investimentos da Petrobras, por exemplo, em refinamento de petróleo, com o objetivo de deixar o país menos vulnerável a choques externos do mercado.
“Os dividendos são muito importantes para remunerar os acionistas, mas parte deles tem que ser utilizada para investimentos. Essa é uma questão que vai ser analisada”, apontou.
Também nesta quarta-feira, o grupo de trabalho sobre energia vai apresentar um relatório preliminar da área. Além disso, os representantes planejam uma nova reunião com membros da atual gestão da Petrobras, desta vez presencial. O encontro deve acontecer na próxima segunda-feira (5), na sede da estatal, no Rio de Janeiro.
Reunião de transição teve clima de cordialidade
A reunião realizada entre Petrobras e grupo de transição, ocorrida na última segunda-feira, teve clima de cordialidade.
“No encontro, foram estabelecidos os primeiros passos para uma transição profissional e dentro das boas regras de governança. A Petrobras se colocou à disposição para fornecer todas as informações necessárias para que a equipe de transição conclua um primeiro diagnóstico que deve subsidiar a próxima gestão”, divulgou a companhia em nota.
Também em nota, o senador Jean Paul Prates declarou que o encontro foi produtivo. “Tratamos de assuntos preliminares, como confidencialidade de documentos e trocas de informações. Definimos ainda critérios de sigilo, classificação e tipos de dados, bem como a forma como deverão circular. Estamos buscando todas as informações para nosso relatório, tendo, obviamente, todos os cuidados para evitar especulações indevidas e vazamento de informações”, disse.
CNN Brasil