Um major do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro foi encontrado morto após desaparecer sob suspeita de ter sido sequestrado por traficantes. Segundo a Polícia Civil e os Bombeiros, Wagner Luiz Melo Bonin, 42, sumiu após ser flagrado fotografando barricadas montadas por um grupo criminoso na região onde mora, no bairro de São Mateus, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O caso aconteceu ontem, no final da tarde.
O carro de Bonin e seu corpo carbonizado foram encontrados na região. O reconhecimento foi feito hoje, por impressões digitais, e os Bombeiros confirmaram que se tratava de Bonin. A família do militar é aguardada hoje pela manhã, no Instituto Médico Legal (IML), e um comandante dos Bombeiros já havia se referido ao caso como tendo sido um “assassinato”.
Bonin havia mandado fotos para a Polícia Civil com imagens de uma barricada que teria sido montada por criminosos do Comando Vermelho, que controlam o bairro em que ele mora, dias antes de desaparecer – a corporação não informou precisamente quantos dias antes. Ele teria sido visto fotografando os bloqueios e isso teria motivado seu sequestro, como retaliação.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o major saiu de casa em seu veículo para comprar peças de carro. Por volta das 19h, eles receberam a informação de um corpo carbonizado dentro de um carro na Pavuna, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro.
Quando os militares chegaram no local, constaram que a placa do veículo era a mesma do carro usado por Bonin. Segundo os Bombeiros, o veículo está no nome de uma familiar do major.
Houve um processo mais demorado para confirmar a identidade da vítima, o que aconteceu pouco depois das 9h de hoje.
O major era lotado no Grupamento de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros e, em 2019, chegou a ser condecorado por atuar na tragédia de Brumadinho. Ele trabalhou na época como capitão, na área de resgate das vítimas.
“Não dá pra mensurar a dor que a nossa família está sentindo nesse momento. Estou horrorizada com a violência nessa cidade dita ‘maravilhosa’. Uma pessoa maravilhosa que foi tirada de nós, de forma tão terrível”, publicou uma prima, no Facebook.
No Twitter, o comandante do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, publicou uma mensagem tratando o caso como um assassinato, antes mesmo do reconhecimento do corpo.
“Infelizmente marginais covardes acabaram de assassinar o major Wagner Bonin em São João de Meriti. Confio na @PCERJ e na @PMERJ . Não mediremos esforços para prender esses assassinos. Nem um passo daremos atrás. Salvamos vidas, mas não aceitaremos perder para vagabundos”, acusou ele.
Após o reconhecimento, a corporação divulgou uma nota lamentando a morte. Confira a íntegra:
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro manifesta seu mais profundo pesar pelo falecimento do major Wagner Bonin, brutalmente assassinado, na noite de quarta-feira (16/11), em São João de Meriti.
A corporação se solidariza e deseja as mais sinceras condolências a parentes e amigos do militar. Psicólogos e assistentes sociais estão à disposição para dar todo o suporte para a família, neste momento de dor.
Nossa eterna continência a este eterno herói por todo o trabalho realizado em prol da sociedade, no cumprimento do juramento, honrando a missão de Vida Alheia e Riquezas Salvar.
O Major Wagner Bonin jamais será esquecido. Toda a tropa está de luto.
O CBMERJ confia na Polícia Militar e na Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro para esclarecer as circunstâncias do crime e prender os responsáveis.
A Delegacia de Homicídios assumiu as investigações do caso.