Pesquisadores nos Estados Unidos observaram que taxa de enfisema foi de 75% em fumantes de cannabis, e de 67% entre quem consumia tabaco
Um estudo publicado nesta semana na revista Radiology, da Sociedade Radiológica da América do Norte, concluiu que indivíduos que fumam maconha tiveram uma taxa de enfisema pulmonar e inflamação das vias aéreas maior do que aqueles que consumiam apenas tabaco.
A equipe conduzida pela pesquisadora Giselle Revah, da Universidade de Ottawa, no Canadá, analisou resultados de tomografias computadorizadas de tórax de 56 fumantes de maconha, de 33 fumantes apenas de tabaco e de outros 57 não fumantes.
Eles verificaram que 75% dos usuários de cannabis apresentavam enfisema. Entre os que fumavam tabaco, eram 67%. Apenas 5% dos não fumantes tinham a doença.
Segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, “enfisema é definido como a destruição generalizada e irreversível das paredes alveolares (as células que suportam os sacos de ar, ou alvéolos, que compõem os pulmões) e alargamento de muitos dos alvéolos”.
Pacientes com esses quadros costumam ter como principal sintoma a dificuldade para respirar.
O enfisema parasseptal, que danifica os minúsculos dutos que se conectam aos alvéolos nos pulmões, foi o subtipo de enfisema predominante em fumantes de maconha em comparação com o grupo apenas de tabaco, descreve o estudo.
A inflamação das vias aéreas também foi mais frequente entre usuários de maconha, assim como a ginecomastia, condição em que o tecido mamário masculino é aumentado devido a um desequilíbrio hormonal.
Os pesquisadores mostraram que 38% dos usuários de cannabis tinham ginecomastia, em comparação com 11% dos fumantes apenas de tabaco e 16% dos não fumantes.
A pesquisadora Giselle Revah se mostrou surpresa com os resultados, tendo em vista que os pacientes que relatavam apenas o consumo de tabaco o faziam havia um longo período.
“O fato de que nossos fumantes de maconha — alguns dos quais também fumavam tabaco — tiveram achados adicionais de inflamação das vias aéreas/bronquite crônica sugere que a maconha tem efeitos sinérgicos adicionais nos pulmões acima do tabaco”, afirmou a médica em comunicado.
Uma das explicações, segundo os autores, é que a maconha é normalmente fumada sem filtro, o que resulta em que mais partículas atingem as vias aéreas.
Eles também consideram que a maconha é inalada com uma respiração mais longa e maior volume de sopro do que o tabaco.
“Foi sugerido que fumar um cigarro de maconha deposita quatro vezes mais partículas no pulmão do que um cigarro comum de tabaco. Essas partículas provavelmente são irritantes das vias aéreas”, complementou Giselle.
O pequeno número de pacientes estudados é uma das limitações do trabalho, mas a autora principal reforça que novas pesquisas são necessárias no futuro para estabelecer a relação entre a forma como as pessoas fumam cigarro ou maconha e eventuais danos pulmonares.