Mais sete painéis foram apresentados nesta sexta-feira (11/11) no pavilhão brasileiro na 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27), que ocorre em Sharm el-Sheikh, no Egito. Na área de energia, um dos painéis discutiu o papel dos Estados brasileiros para o avanço na descarbonização do setor. Com a participação de membros da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), foram apresentadas ações nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco.
Os estados contam com projetos e empreendimentos de energia eólica e solar. A secretária do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Marjorie Kauffmann, destacou que o estado conta com 8% das instalações eólicas do país e está em 5º lugar no ranking dos estados, com 1,836 MW de capacidade instalada. E esse potencial deve aumentar já que são 61 projetos de geração de energia pela força do vento em 31 municípios somente na chamada geração onshore, que são estruturas montadas em terra. Os investimentos devem chegar a R$ 90 bilhões. Já na offshore, que são montados em alto mar e, no caso do Rio Grande do Sul, na Lagoa dos Patos, são mais 21 projetos, todos licenciados, com capacidade de geração de 56,5 GW.
A secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, Inamara Melo, também destacou o grande potencial de geração de energia eólica e solar da região Nordeste. “São 66 GW de potência que foram outorgados no Nordeste, isso significa, praticamente, cinco vezes a potência de Itaipu”, disse. Pernambuco conta com 73% de sua energia elétrica vinda de fontes renováveis, com destaque para a solar e eólica.
Outra palestra tratou da energia solar para os avanços e o futuro do combate às mudanças climáticas. A capacidade instalada da energia solar do país supera os 20GW. A Itaipu Binacional, segunda maior hidrelétrica do mundo e líder mundial na geração de energia limpa e renovável, por exemplo, tem 14GW de capacidade instalada.
A fonte solar fotovoltaica já é a terceira maior na matriz elétrica brasileira, ocupando um pouco menos de 10%, bem próxima à fonte eólica, que é a segunda.
O Brasil conta hoje, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), com cerca de 500 mil usinas solares fotovoltaicas instaladas em todo o país.
Comércio Brasil-árabes
A implementação de uma agenda de sustentabilidade nos negócios envolvendo o Brasil e países árabes foi discutida em outro painel no Egito. O secretário-geral das Câmaras Árabes, Khaled Hanafi, destacou que a parceria entre o Brasil e 22 países árabes está consolidada e que a intenção, agora, é trabalhar para que o negócio fique mais verde e respeite o meio ambiente. Para ele, um dos elementos chaves nessa relação é o mercado de carbono. Hanafi destacou que o Brasil tem superávit de carbono e que os países árabes estão prontos para comprar o excedente.
O secretário geral das Câmara Árabes ressaltou ainda que um dos primeiros pontos na melhora da sustentabilidade nessa balança comercial está na implementação de meios de transportes mais limpos. Ele ressaltou que as embarcações usadas no transporte marítimo de mercadorias na rota entre Brasil e países árabes emite muita poluição e que isso pode ser melhorado.
A reitora da Faculdade de Transporte e Logística Internacional e assessora econômica da União das Câmaras Árabes, Sara Hassan Kamal, também destacou que o Brasil e países árabes já estão pensando em projeto logístico que respeitam o meio ambiente e portos verdes para melhorar a sustentabilidade na cadeia produtiva envolvendo as duas partes.
O secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Tamer Mansour, defendeu uma proposta de uma agenda para ser apresentada em conjunto pelo Brasil e países árabes na COP28, no ano que vem, nos Emirados Árabes Unidos, de um sistema de rastreabilidade de produtos sustentáveis semelhante ao método de produção Halal adotado nos frigoríficos. O segmento Halal respeita o ritual islâmico no abate dos animais e os produtos e fábricas estão sujeitos a uma certificação específica.
Os árabes são o terceiro maior parceiro do Brasil nas exportações e o quinto maior em importações.
Créditos: Governo Federal.