Proprietária de uma fazenda invadida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no último fim de semana, a Cia Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa) emitiu comunicado ao mercado em que contesta o argumento utilizado pelo grupo para dar um suposto verniz de legalidade à ocupação do imóvel e disse que as terras não são “improdutivas”, como alegam os invasores, e tampouco estão “abandonadas”. Segundo a companhia, a fazenda integra um projeto de silvicultura e é cedida à comunidade local de Planaltino, na Bahia, em comodato para produtores de leite utilizarem como pastagem e manejo bovino. A Ferbasa afirma que cinco hectares da propriedade de 580 hectares estão ocupados pelo MST.
Ao anunciar a ocupação, os sem-terra informaram que pretendiam cultivar arroz na região, classificada pelo movimento como pertencente a uma empresa “falida” e que “abandonou” as terras, que seriam destinadas à monocultura de eucalipto. No comunicado ao mercado, utilizado por empresas para prestar esclarecimentos à Comissão de Valores Mobiliários e à própria Bolsa de Valores, a Ferbasa negou problemas de saúde financeira, como argumentou o MST, e disse que está tomando medidas judiciais para reverter a invasão.
Conforme revelou VEJA, lideranças do MST já haviam tornado pública a intenção de, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para um terceiro mandato, retomar sua política de ocupar propriedades rurais e prédios públicos como mecanismo para pressionar por reforma agrária. Em seu primeiro discurso internacional da CPO 27, no Egito, porém, o presidente eleito, fez um importante aceno ao agro, a quem classificou como “aliado estratégico” para investimentos em seu futuro governo. Em uma entrevista durante a campanha, ele havia ligado parcelas do agronegócio, majoritariamente simpáticas ao presidente Jair Bolsonaro, ao “fascismo”.