As sequelas deixadas pela Covid-19 são estudadas por cientistas de várias partes do mundo e pesquisadores brasileiros de USP, Unicamp e da UFRJ publicaram um estudo que ajuda a desvendar como a doença afeta o cérebro.
A Covid passa, mas para algumas pessoas as consequências ficam ou demoram a sumir: depressão, ansiedade e perda de memória são alguns dos sintomas da chamada “Covid longa”.
A diretora audiovisual Made Picchi, que teve a doença logo no começo da pandemia, conta o que mudou após ser contaminada.
“Fiquei bastante estranha, com sintomas que eu desconhecia, meio aérea, meio avoada, demorava bastante para processar as coisas. Lembro que a primeira vez que eu fui fazer comida, eu esqueci. Eu não lembrava. Eu tive que parar para pensar no processo de pegar um alimento e colocar na panela porque me deu um branco”, diz.
Os pesquisadores descobriram que o vírus penetra no cérebro e atinge principalmente os astrócitos, que são células estreladas que dão sustentação aos neurônios e são afetados pela doença. Eles passam a produzir substâncias que matam os neurônios e tudo indica que esta pode ser uma das causas dos quadros de depressão, ansiedade e dificuldades de memória.
“A gente demonstrou nesse trabalho que o vírus invade as células do sistema nervoso central de uma forma diferente da que ele usa pra invadir as células do pulmão, por exemplo. Isso pode nos dar base pra desenvolver moléculas que impeçam que ele entre nas células do sistema nervoso central. Claro, é um caminho longo a ser seguido, mas só dando um exemplo de como a gente pode avançar com o entendimento desses mecanismos biológicos”, explica Thiago Mattar Cunha, professor da faculdade de medicina de Ribeirão Preto.
O estado de São Paulo voltou a registrar nesta semana mais de 300 novas internações, em média, por dia de casos suspeitos e confirmados de Covid. É a primeira vez desde 27 de julho deste ano que as internações atingem esse patamar.
Créditos: G1.