Banco ignorou pedido do ex-ministro Guido Mantega, aliado de Lula, para adiar eleição
Foto: Agência Brasil
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) confirmou oficialmente neste sábado, 12, os cinco candidatos que vão concorrer à presidência da instituição, em 20 de novembro deste ano. Entre os postulantes está o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Ilan Goldfajn, indicado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para assumir a vaga no BID.
O banco ignorou o pedido do ex-ministro Guido Mantega, membro do grupo de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na sexta-feira 11, em entrevista ao jornal GloboNews, Mantega confirmou que pediu o adiamento das eleições do BID a Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA.
Conforme o aliado de Lula, ele ouviu queixas de autoridades econômicas da América Latina sobre o “encaminhamento” da eleição do BID e a falta de negociação pela candidatura do diretor do FMI ao cargo.
“Não estou dizendo que o Ilan seja um mau candidato”, declarou o ex-ministro. “Mas o Bolsonaro tentou dar mais um golpe: criar um fato consumado e fazer um presidente do BID, a meu ver, de forma equivocada, porque eles não foram negociar com a Argentina, com o Peru, com a Colômbia e com o Uruguai.”
No entanto, a lista divulgada pelo BID não pode mais ser alterada. A data-limite para que algum dos 48 países membros da instituição indiquem outros nomes terminou ontem.
Além do indicado pelo governo Bolsonaro, estão concorrendo também: Cecilia Todesca Bocco (indicada pela Argentina), Gerard Johnson (indicado pelo Trindade e Tobago), Gerardo Esquivel Hernández (indicado pelo México) e Nicolás Eyzaguirre Guzmán (indicado pelo Chile).
Fundado em 1959, o banco nunca teve um brasileiro eleito para a sua gestão. O México, a Colômbia, o Chile, o Uruguai e os EUA já conseguiram eleger seus indicados para o cargo. Atualmente, a presidência do BID é ocupada provisoriamente pela hondurenha Reina Irene Mejía Chacón.
Reina assumiu o posto depois que o concelho da instituição votou pela demissão do então presidente Maurício Claver-Carone (norte-americano), no final de setembro deste ano.
Na ocasião, uma investigação identificou que Carone se relacionou com uma funcionária e autorizou dois aumentos de salários em um curto período. Ele foi indicado ao cargo por Donald Trump, ex-presidente dos EUA.
O BID é uma instituição de fomento para obras e projetos na América Latina. A instituição é a responsável por um capital de US$ 12 bilhões que pode ser repassado a países, Estados e prefeituras.
Pacheco e economistas defendem indicação de Bolsonaro
Ontem, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu a indicação de Bolsonaro para a presidência do BID.
“Considero ele alguém capacitado, experiente e que prestou bons serviços ao país”, disse o presidente do Senado em entrevista coletiva. “Logo, vejo adequada sua indicação. Representará bem o Brasil.”
Em entrevista ao portal R7, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles criticou a ação de Mantega. Meirelles e Goldfajn trabalharam juntos no ministério da Economia durante a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB).
“O Ilan é um grande economista e seria um grande representante bo Brasil”, afirmou o ex-ministro. “Ele deveria ser prestigiado, e deveria ter todo o apoio.”
O economista Ermínio Lima Neto, ex-presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços, defendeu a experiência do atual diretor do FMI. “Acompanhei a gestão dele no Banco Central”, explicou. “É um excelente nome. Logicamente, é uma questão política, mas eu o vejo como uma ótima escolha, que não precisa ser alterada.”