O presidente Jair Bolsonaro saiu vitorioso das eleições do Senado neste domingo e com a perspectiva de corrigir uma de suas maiores fragilidades no Congresso nos últimos anos — a ausência de uma base aliada de senadores. De 27 vagas no Senado, foram 14 eleitos com o endosso de Bolsonaro, turbinando especialmente a bancada do PL, seu partido. O ex-presidente Lula (PT), por sua vez, conseguiu eleger oito aliados, pouco mais de metade de seu adversário.
A eleição de oito senadores do PL faz com que a bancada do partido do presidente fique, até o momento, com 13 senadores, e se consagre como o maior partido do Senado. Essa é a primeira eleição desde a redemocratização em que o MDB saiu de uma eleição sem a maior bancada. O partido conseguia garantir sua hegemonia na Casa desde as eleições de 1986.
O presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, foi o grande vencedor na disputa ao Senado neste domingo. Dos 27 candidatos eleitos, 14 são apoiados pelo presidente, sendo quatro deles ex-ministros do governo — Rogério Marinho (RN), Marcos Pontes (SP), Tereza Cristina (MT) e Damares Alves (DF), um, ex-secretário, Jorge Seif (PL-SC) e outro, o vice-presidente, Hamilton Mourão (RS).
Por outro lado, apenas oito dos eleitos receberam o endosso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seis deles da região Nordeste: Camilo Santana (PT-CE), Renan Filho (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Flávio Dino (PSB-MA), Teresa Leitão (PT-PE), Wellington Dias (PT-PI), Beto Faro (PT-PA) e Omar Aziz (PSD-AM).
Os dados representam uma ótima notícia para Bolsonaro, que definiu como estratégia prioritária a eleição no Senado mais do que nos governos estaduais, conforme ele vinha alardeando em seus pronunciamentos. Além dos ex-integrantes do governo, os aliados Cleitinho (PSC-MG), Romário (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Wilder Morais (PL-GO), Wellington Fagundes (PL-MT), Jaime Bagattoli (PL-RO), Dr. Hiran (PP-RR) e Dorinho (UB-TO) terão um mandato de oito anos no Senado.
Nessas eleições, o MDB elegeu apenas Renan Filho (AL), filho do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL), senador hoje licenciado. Se ninguém mudar de legenda, o partido deve começar 2023 com 10 parlamentares no Senado, atrás do União Brasil, que terá 12, e empatado com o PSD.
Ao todo, a bancada do PL pode chegar a 15 senadores no início do ano que vem, já que há dois senadores licenciados, Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Gomes (PL-TO). Mello concorre ao governo de Santa Catarina e foi para o segundo turno; se não for eleito, deve voltar ao Senado. Gomes também deve voltar a seu mandato, que acaba apenas em 2027.
A tática de Bolsonaro visa estancar as derrotas que o governo sofre na Casa, hoje corriqueiras. Além disso, bolsonaristas senadores também devem pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), uma vez que cabe a eles julgarem eventuais processos de impeachment dos ministros da Corte.
Quando tomou posse, no início de 2019, o presidente tinha poucos aliados. Entre eles, estavam os então senadores do PSL, Flávio Bolsonaro, Selma Arruda, Soraya Thronicke e Major Olímpio, e o senador do PSD Arolde de Oliveira, morto em 2020.
Os aliados de Bolsonaro hoje no Senado que devem continuar no mandato são Eduardo Girão (Podemos-CE), Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Jayme Campos (UB-MT), Eliane Nogueira (PP-PI), Romário (PL-RJ), Lasier Martins (Podemos-RS), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Marcos Rogério (PL-RO) — caso não se eleja governador — e Carlos Portinho (PL-RJ).
Considerando os aliados que já têm mandato e os novos eleitos, o presidente Jair Bolsonaro deve ter uma base de mais de 20 senadores, uma força inédita na Casa legislativa.
Durante seu mandato, o presidente sofreu sucessivas derrotas na Casa legislativa. Bolsonaristas não conseguiram instaurar no Senado a CPI dos Tribunais Superiores, por exemplo, nem avançar com pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Após a pandemia, o Senado instaurou a CPI da Covid, onde a oposição ganhou fôlego contra o governo federal.
Ao se filiar ao PL, Bolsonaro pediu prioridade para o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, na escolha das candidaturas para o Senado em 2022. Por isso, conseguiu emplacar no Senado aliados próximos, que trabalharam em seu governo. No Distrito Federal, uma das poucas unidades da federação em que o PL escolheu como candidata um nome menos próximo do presidente da República, Flávia Arruda (PL), a aliada Damares Alves foi eleita pelo Republicanos.
Créditos: O Globo.