No fluxo intenso de veículos que passam diariamente pelo cruzamento das avenidas Cerro Azul e Guedner, no Jardim Ipanema, em Maringá (PR), uma bicicleta branca é encontrada servindo de memorial à morte de algum ciclista no local. Chamado de “ghost bike” (ou bicicleta fantasma, em tradução livre do inglês), o monumento tem como objetivo manter viva a memória de ciclistas mortos em acidentes.
“As Ghost Bikes fazem parte de um movimento mundial, que tem o objetivo de instalar bicicletas brancas em locais de acidentes fatais com ciclistas. Entretanto, além de prestar uma homenagem a vítima que faleceu naquele local e evitar que seu atropelamento caia no esquecimento, ele serve também como um alerta aos condutores de automóveis, para que tomem mais cuidado com as vidas que pedalam pelas ruas”, afirma o ciclista da Associação de Ciclismo de Maringá, Eduardo Simões.
Para instalar as bikes, eles contam com doações de bicicletarias e de vaquinhas entre os integrantes. Parte das ghost bikes da cidade foram idealizadas por grupos de ciclistas ativistas.
Geralmente, para ser montada, a bicicleta precisa apenas ser pintada de branco e fixada no local orientado. Para evitar furtos, é recomendado deixar o veículo o menos “pedalável” possível, retirando pedaços do pneu, cabos, câmaras, freios, refletivos. Outra dica é passar muita tinta nas partes móveis, para imobilizar. Instalar em locais mais altos, como postes, também é outra recomendação. O ciclista Eduardo ainda ressalta que essa homenagem é feita a partir da autorização dos familiares. “Via de regra, é uma ação espontânea, então basta entrar em contato conosco”, disse.
Segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), de 2005 até o 1° semestre de 2022, a cidade registrou a morte de 88 ciclistas, todos vítimas de acidentes.
Ao todo, sete ghost bikes já foram colocadas em Maringá, a primeira foi instalada em junho de 2013, após o atropelamento de um ciclista na Avenida Morangueira. Segundo Eduardo, três delas já não estão mais fixadas, foram depredadas ou caíram. Entre os locais que recebem o monumento estão a esquina da Avenida Brasil com a Avenida Riachuelo; a que fica na Avenida São Domingos, com a Avenida Tuiuti (em frente ao Colégio Estadual Branca da Motta Ferreira) e uma próxima ao posto G10, na PR-317. A primeira, instalada em 2013, por exemplo, já foi removida do local.
Créditos: Metrópoles.